Tocilizumabe, medicamento usado na artrite, pode proteger contra doenças coronarianas, em estudo divulgado pelo The Lancet
A interleucina-6 (IL-6), uma proteína envolvida na inflamação1, parece desempenhar um importante papel no desenvolvimento de doenças coronarianas e na aterosclerose2. Os novos achados, publicados pelo The Lancet, mostram que medicamentos que tenham como alvo o bloqueio dos receptores da interleucina-6 (IL-6R) talvez possam ajudar a prevenir as doenças coronarianas no futuro. Um desses medicamentos já é usado para tratar a artrite reumatoide3, o tocilizumabe.
O tocilizumabe bloqueia a ação da IL-6, considerada uma perpetuadora da inflamação1 crônica na artrite reumatoide3. Este medicamento neutraliza a ação da IL-6 ao impedir sua ligação a receptores específicos.
A aterosclerose2 é uma inflamação1 que causa a formação de placas4 de gordura5 dentro das paredes dos vasos sanguíneos6.
Em uma análise, os pesquisadores revisaram dados de mais de 200 mil participantes em 82 estudos e descobriram que aqueles com uma variação genética nos receptores da interleucina-6 (IL-6R) tiveram um risco reduzido para doenças cardíacas. Para cada cópia herdada da variação genética Asp358Ala, uma pessoa apresenta um risco 3,4 % menor para doença cardíaca coronariana.
Estes resultados suportam a hipótese de que a inflamação1 é importante nas doenças cardíacas coronárias e encoraja a realização de novas pesquisas sobre a modulação das vias dos IL-6R como um meio de prevenir este tipo de patologia7, de acordo com estudiosos do IL6R Genetics Consortium and Emerging Risk Factors Collaboration.
Em uma segunda análise, foram revisados dados de mais de 133 mil pessoas em 40 estudos e achou-se uma redução de 5% no risco de doenças coronarianas para cada cópia herdada da variação genética Asp358Ala.
O bloqueio dos IL-6R pode ser uma esperança na prevenção de doenças cardíacas coronarianas e deve ser validado por ensaios clínicos8 randomizados, escreveram pesquisadores do IL6R Mendelian Randomization Analysis Consortium.
Fonte: The Lancet, publicação online, de 14 de março de 2012