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Parassonias na infância e experiências psicóticas aos 12 anos, em artigo da revista Sleep

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Estudo de coorte1 de nascimentos ocorridos no Reino Unido, publicado pelo periódico Sleep, examinou a associação entre parassonias específicas e experiências psicóticas na infância.

A informação sobre a ocorrência frequente de pesadelos em crianças foi obtida de forma prospectiva a partir das mães durante várias avaliações realizadas quando as crianças tinham entre 2,5 e 9 anos de idade. As crianças foram entrevistadas aos 12 anos sobre pesadelos, terrores noturnos, sonambulismo e experiências psicóticas (delírios, alucinações2 e pensamentos de interferência) que tinham ocorrido nos seis meses anteriores à entrevista.

As avaliações foram realizadas nas residências dos participantes ou em clínicas universitárias do Reino Unido. Havia 6.796 crianças (3.462 meninas; 50,9%) que completaram a entrevista sobre as experiências psicóticas.

As crianças cujas mães relataram como tendo pesadelos frequentes entre 2,5 e 9 anos de idade eram mais propensas a ter experiências psicóticas aos 12 anos, independentemente do sexo, adversidades na família, problemas emocionais ou de comportamento, QI3 e potenciais problemas neurológicos. Crianças que relatam qualquer um dos tipos de parassonias aos 12 anos também tiveram maiores taxas de experiências psicóticas simultâneas do que aquelas sem tais problemas de sono, quando foi feito o ajuste para todos os fatores de confusão. A dificuldade para começar a dormir e os despertares noturnos não foram associados a experiências psicóticas aos 12 anos.

Concluiu-se que os pesadelos frequentes e os terrores noturnos, mas não outros problemas de sono, na infância foram associados a experiências psicóticas na idade de 12 anos. Estes resultados sugerem que alguns distúrbios do sono podem ser indicadores precoces da susceptibilidade4 a experiências psicóticas.

Fonte: Sleep, volume 37, número 3, de 1° de março de 2014

NEWS.MED.BR, 2014. Parassonias na infância e experiências psicóticas aos 12 anos, em artigo da revista Sleep. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/saude/526544/parassonias-na-infancia-e-experiencias-psicoticas-aos-12-anos-em-artigo-da-revista-sleep.htm>. Acesso em: 20 abr. 2024.

Complementos

1 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
2 Alucinações: Perturbações mentais que se caracterizam pelo aparecimento de sensações (visuais, auditivas, etc.) atribuídas a causas objetivas que, na realidade, inexistem; sensações sem objeto. Impressões ou noções falsas, sem fundamento na realidade; devaneios, delírios, enganos, ilusões.
3 QI: O QI é utilizado para dimensionar a inteligência humana em relação à faixa etária a que um sujeito pertence. Em 1905, os franceses Alfred Binet e Theodore Simon desenvolveram uma ferramenta para avaliar os potenciais cognitivos dos estudantes, tentando detectar entre eles aqueles que precisavam de um auxílio maior de seus mestres, criando a Escala de Binet-Simon. Outros estudiosos aperfeiçoaram esta metodologia. William Stern foi quem, em 1912, propôs o termo “QI“. O Quociente de Inteligência é a razão entre a Idade Mental e a Cronológica, multiplicada por 100 para se evitar a utilização dos decimais. Seguindo-se este indicador, é possível avaliar se um infante é precoce ou se apresenta algum retardamento no aprendizado. Os que apresentam o quociente em torno de 100 são considerados normais, os acima deste resultado revelam-se precoces e os que alcançam um valor mais inferior (cerca de 70) são classificados como retardados. Uma alta taxa de QI não indica que o indivíduo seja mentalmente são, ou mesmo feliz, e também não avalia outros potenciais e capacidades, tais como as artísticas e as de natureza espiritual. O QI mede bem os talentos linguísticos, os pensamentos lógicos, matemáticos e analíticos, a facilidade de abstração em construções teóricas, o desenvolvimento escolar, o saber acadêmico acumulado ao longo do tempo. Os grandes gênios do passado, avaliados dessa forma, apresentavam uma taxa de aproximadamente 180, o que caracteriza um superdotado.
4 Susceptibilidade: 1. Ato, característica ou condição do que é suscetível. 2. Capacidade de receber as impressões que põem em exercício as ações orgânicas; sensibilidade. 3. Disposição ou tendência para se ofender e se ressentir com (algo, geralmente sem importância); delicadeza, melindre. 4. Em física, é o coeficiente de proporcionalidade entre o campo magnético aplicado a um material e a sua magnetização.
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