Limitação de turnos de trabalho de duração estendida na residência médica melhorou a segurança do paciente
Uma política nacional nos Estados Unidos levou à redução de erros médicos prejudiciais e fatais. Em 2011, o Accreditation Council for Graduate Medical Education (ACGME) limitou as horas de trabalho dos médicos residentes do primeiro ano a não mais de 16 horas consecutivas após estudos indicarem que turnos mais longos podem aumentar o risco de erros médicos e outros resultados adversos.
A resposta ao limite foi mista e ele foi derrubado em 2017, permitindo novamente que os médicos residentes fossem escalados para até 24 horas de trabalho contínuo.
Agora, um novo estudo realizado por pesquisadores da Harvard Medical School no Brigham and Women’s Hospital examinou o impacto do limite de 16 horas nos resultados de segurança de pacientes diretamente sob os cuidados de médicos residentes.
Por meio de pesquisas nacionais com residentes antes (2002-2007) e depois (2014-2017) do limite ser decretado, a equipe descobriu que erros médicos e eventos adversos relatados por médicos residentes caíram mais de um terço, e erros médicos resultando na morte do paciente diminuíram em quase dois terços quando o limite de 16 horas estava em vigor. Os resultados foram publicados no BMJ Quality & Safety.
“Sabemos que as pessoas são propensas a cometer mais erros quando são privadas de sono, e os médicos não são exceção”, disse o autor principal Matthew Weaver, instrutor de medicina da HMS e epidemiologista associado no Brigham and Women’s.
“O importante é que podemos ver que intervenções como limites de horas de trabalho podem ter um efeito significativo. Em nosso estudo, observamos uma redução dramática nos erros médicos resultando em danos ou levando à morte do paciente quando as horas de trabalho eram limitadas. É importante que o risco de turnos de trabalho prolongados e o benefício potencial dos limites sejam transparentes para pacientes1 e médicos”, disse Weaver.
Nessa análise conjunta de estudos de coorte2 prospectivos, os pesquisadores relataram melhorias nacionais na segurança do paciente relatada por médicos residentes após limitar os turnos de trabalho de longa duração dos médicos residentes do primeiro ano.
Foi realizado um estudo de coorte3 prospectivo4 nacional de médicos residentes por 5 anos acadêmicos antes (2002-2007) e por 3 anos acadêmicos após (2014-2017) a implementação do limite de horas de trabalho de 16 horas da ACGME em 2011.
As análises comparam as tendências de erros médicos relatados por médicos residentes entre as duas coortes para avaliar o impacto dessa mudança de política.
14.796 residentes forneceram dados descrevendo 78.101 meses de assistência direta ao paciente. Após o ajuste para possíveis fatores de confusão, a política de horas de trabalho foi associada a um risco reduzido de 32% de erros médicos significativos relatados por médicos residentes (razão de taxa (RR) 0,68; IC 95% 0,64 a 0,72), um risco reduzido de 34% de eventos adversos evitáveis (RR 0,66; IC 95% 0,59 a 0,74) e um risco reduzido de 63% de erros médicos relatados resultando em morte do paciente (RR 0,37; IC 95% 0,28 a 0,49).
Esses achados têm ampla relevância para aqueles que trabalham e recebem cuidados de hospitais acadêmicos nos EUA. A decisão de suspender essa política de horas de trabalho em 2017 pode expor os pacientes a danos evitáveis.
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Fontes:
BMJ Quality & Safety, publicação em 10 de maio de 2022.
Harvard Medical School, notícia publicada em 12 de maio de 2022.