Mascar chicletes pode influenciar na frequência e na gravidade da dor de cabeça em crianças e adolescentes, publicado pelo Pediatric Neurology
O hábito de mascar chicletes em excesso é pouco citado como um precipitante da dor de cabeça1 em crianças e adolescentes. Em estudo publicado pelo Pediatric Neurology foi avaliada a influência da mastigação excessiva diária de goma de mascar em crianças mais velhas e adolescentes com dor de cabeça1 crônica, ressaltando o impacto da descontinuação do hábito e da sua reintrodução.
A pesquisa foi liderada por Nathan Watemberg, médico do Child Neurology Unit and Child Development Center, do Meir Medical Center e da Tel Aviv University, em Israel. Pacientes com dor de cabeça1 crônica e que têm o hábito de mascar chicletes em excesso foram convidados a preencher questionário referente às características da dor de cabeça1, possíveis gatilhos, história familiar de dores de cabeça1 e características de uso das gomas de mascar. Estes indivíduos foram classificados em quatro grupos em função do número de horas diárias que mascavam chicletes. Todos os participantes descontinuaram o hábito de mascar chicletes durante um mês e o reintroduziram após este período. Foi realizada nova entrevista após 2 a 4 semanas.
Os resultados mostraram que dos trinta pacientes (25 meninas) recrutados, a idade média foi de 16 anos e a maioria tinha dor de cabeça1 do tipo enxaqueca2 (60% apresentavam enxaqueca2 e 40% apresentavam cefaleia3 tensional). Após a descontinuação de uso do chiclete, 26 relataram uma melhora significativa, incluindo a resolução da dor de cabeça1 em 19 deles. Vinte pacientes dos 26 que relataram melhora dos sintomas4 inicialmente e que reinstituíram o hábito relataram recaída dos sintomas4 em poucos dias, cerca de uma semana. A duração da dor de cabeça1 antes da interrupção e o número de horas diárias mascando chicletes não tiveram influência sobre a resposta na descontinuação. Os pesquisadores acreditam que o hábito de mascar chiclete em excesso possa desencadear a dor de cabeça1, não pela ingestão de aspartame5, contido na goma de mascar, como já foi sugerido anteriormente, mas por colocar a articulação temporomandibular6 em um esforço excessivo.
Embora o estudo seja pequeno e avaliações futuras devam ser feitas, no presente trabalho verificou-se que o excesso de chiclete por dia pode estar associado à dor de cabeça1 crônica e deve receber mais atenção na literatura médica. A conscientização do paciente e do médico sobre esta associação pode ter um impacto significativo sobre a qualidade de vida de crianças e adolescentes com dor de cabeça1 crônica que mascam chiclete excessivamente. Os estudiosos ainda sugerem que se o exame neurológico das crianças e adolescentes estiver normal e o hábito de mascar chiclete em excesso estiver presente, os médicos devem sugerir a descontinuação do uso antes de solicitarem procedimentos diagnósticos e terapêuticos caros para avaliar e tratar as dores de cabeça1 nesta faixa etária.