Atalho: 5RC9Z2A
Gostou do artigo? Compartilhe!

Uso de maconha como fator de risco para psicose

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia

Três autores da Division of Psychiatry da University of Edinburgh, na Escócia, fizeram um artigo de revisão sugerindo uma evidência de associação entre uso de maconha e psicose1.

Há cinco anos só havia um estudo caso-controle falando sobre este assunto. De lá para cá, outros estudos surgiram permitindo que o uso de maconha seja apontado como um fator de risco2 para psicose1. David M. Semple, Andrew M. McIntosh e Stephen M. Lawrie usaram critérios específicos de busca na Embase, PsychINFO e Medline. Foram avaliados estudos publicados entre janeiro de 1966 e janeiro de 2004 que examinavam a maconha como um fator de risco2 independente para esquizofrenia3, psicose1 e sintomas4 psicóticos.

Os estudos selecionados para a meta-análise incluíram estudos caso-controle em que a exposição à maconha precedeu o primeiro surto de esquizofrenia3 ou de psicose1 delirante crônica, conhecida atualmente como transtorno delirante persistente, e estudos de coorte5 de indivíduos saudáveis convocados antes da idade média de aparecimento da doença, com exposição à maconha determinada prospectivamente e com diagnóstico6 eventual oculto.

Estudos de sintomas4 psicóticos foram também selecionados para discussões futuras. Onze estudos foram identificados examinando7 a relação entre o uso de maconha e psicose1. Sete foram incluídos na meta-análise extraindo um odds ratio de 2,9 (intervalo de confiança de 95% = 2,4 - 3,6). Nenhuma evidência de viés ou heterogenidade foi encontrada. O uso precoce da maconha parece aumentar o risco de psicose1. Para sintomas4 psicóticos, uma relação de efeito dose-dependente de maconha foi vista com grupos vulneráveis, incluindo indivíduos que usaram maconha quando adolescentes, aqueles que tiveram experiência prévia com sintomas4 psicóticos e aqueles com risco genético elevado para desenvolver esquizofrenia3.

Em conclusão, a evidência viável suporta a hipótese de que a maconha é um fator de risco2 independente tanto para a psicose1 quanto para o desenvolvimento de sintomas4 psicóticos. Orientar os riscos de uso de maconha, particularmente em população vulnerável, provavelmente trará efeitos benéficos para a morbidade8 psiquiátrica.

Fonte: Journal of Psychopharmacology

Equipe Médica Centralx9

NEWS.MED.BR, 2005. Uso de maconha como fator de risco para psicose. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/892/uso-de-maconha-como-fator-de-risco-para-psicose.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.

Complementos

1 Psicose: Grupo de doenças psiquiátricas caracterizadas pela incapacidade de avaliar corretamente a realidade. A pessoa psicótica reestrutura sua concepção de realidade em torno de uma idéia delirante, sem ter consciência de sua doença.
2 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
3 Esquizofrenia: Doença mental do grupo das Psicoses, caracterizada por alterações emocionais, de conduta e intelectuais, caracterizadas por uma relação pobre com o meio social, desorganização do pensamento, alucinações auditivas, etc.
4 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
5 Estudos de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
6 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
7 Examinando: 1. O que será ou está sendo examinado. 2. Candidato que se apresenta para ser examinado com o fim de obter grau, licença, etc., caso seja aprovado no exame.
8 Morbidade: Morbidade ou morbilidade é a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento.
9 Centralx: Empresa fornecedora de produtos e serviços na área de medicina. Fundada em 1989 a Centralx é líder no mercado de softwares e sistemas de informação médicos no Brasil.
Gostou do artigo? Compartilhe!