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Diferenças entre os sexos no uso, segurança e eficácia do Dabigatran em pacientes com fibrilação atrial

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Diferenças entre os sexos já foram observadas no que diz respeito ao tratamento com varfarina em pacientes com fibrilação atrial, com as mulheres tendo um maior risco de acidente vascular cerebral1 em comparação com os homens. Por isso, os cientistas resolveram estudar essas diferenças com o uso de dabigatran.

Realizou-se um estudo de coorte2 de base populacional envolvendo pacientes com fibrilação atrial, utilizando dados administrativos de Quebec, no Canadá, de 1999 a 2013. Homens e mulheres que receberam uma receita de dabigatran (110 e 150 mg, duas vezes ao dia) foram comparados com usuários de varfarina com relação às suas taxas de acidente vascular cerebral1 (AVC), hemorragia3 e infarto do miocárdio4, por meio de análise de escore de propensão.

A coorte5 era composta por 31.786 mulheres (50,4%) e 31.324 homens (49,6%). As mulheres tinham um risco de AVC maior e um menor risco de hemorragia3, em comparação com os homens no início do estudo. Mulheres tinham mais receitas com dose menor de dabigatran em comparação com os homens. Na análise multivariada ajustada para escores de propensão, o uso de dabigatran foi associado a um menor risco de hemorragia3, comparativamente com o uso de varfarina em homens. Dabigatran foi associado a uma tendência para um menor risco de acidente vascular cerebral1 em mulheres tratadas com a dose de 150 mg, mas não foi associado com uma diferença no risco de infarto do miocárdio4, quando comparado com a varfarina em ambos os sexos.

Na prática, as mulheres são mais frequentemente tratadas com dabigatran em baixa dose, mas uma tendência para taxas mais baixas de AVC em mulheres que tomam dabigatran em alta dose foi observada. Os homens se beneficiam de taxas de sangramento mais baixas com o uso de dabigatran em comparação com o uso de varfarina.

Fonte: Circulation: Cardiovascular Quality and Outcomes, publicação online de 27 de outubro de 2015

NEWS.MED.BR, 2015. Diferenças entre os sexos no uso, segurança e eficácia do Dabigatran em pacientes com fibrilação atrial. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/809269/diferencas-entre-os-sexos-no-uso-seguranca-e-eficacia-do-dabigatran-em-pacientes-com-fibrilacao-atrial.htm>. Acesso em: 16 abr. 2024.

Complementos

1 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
2 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
3 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
4 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.
5 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
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