Associação entre o tipo de parto e o transtorno do espectro autista: nascer por cesárea realmente aumenta o risco de autismo?
O número de cesáreas está aumentando em todo o mundo, por isso torna-se cada vez mais importante compreender os efeitos a longo prazo que este tipo de parto pode ter no desenvolvimento da criança. Com o objetivo de investigar a associação entre o tipo de parto e o transtorno do espectro autista (TEA) foi realizado um estudo de base populacional com irmãos como controles.
Fatores perinatais e diagnósticos do transtorno do espectro autista (TEA) baseados na Classificação Internacional de Doenças (CID-9) e na Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID-10) foram identificados a partir do Swedish Medical Birth Register e do Swedish National Patient Register. Análise de regressão de riscos proporcionais de Cox estratificados foi usada para examinar o efeito do tipo de parto no TEA. Em seguida, foi usada a regressão logística condicional para realizar um estudo com irmãos, que consistiu em pares de irmãos discordantes sobre o estado do TEA. As análises foram ajustadas para o ano de nascimento (ou seja, parcialmente ajustadas) e, em seguida, totalmente ajustadas para vários fatores perinatais e sociodemográficos. O estudo de coorte1 de base populacional consistiu de todos os nascidos vivos únicos, na Suécia, de 1° de janeiro de 1982 até 31 de dezembro de 2010. As crianças foram acompanhadas até o primeiro diagnóstico2 de TEA, morte, migração ou até 31 de Dezembro de 2011 (final do período de estudo), o que viesse primeiro. A coorte3 completa consistiu de 2.697.315 crianças e 28.290 casos de TEA. A análise de controle dos irmãos consistiu de 13.411 pares de irmãos.
Os tipos de parto foram definidos como parto vaginal não assistido (PV), parto vaginal assistido (PVA), cesárea eletiva4 (CE) e cesárea de emergência5 (definido antes ou após o início do trabalho de parto).
Na análise de regressão de riscos proporcionais de Cox ajustado, cesárea eletiva4 e de emergência5 foram associadas ao TEA, quando comparados ao parto vaginal não assistido. Na análise com controle entre irmãos, a cesárea não estava associada ao TEA na análise parcialmente ou totalmente ajustada. As cesáreas de emergência5 foram significativamente associadas ao TEA na análise parcialmente ajustada, mas esse efeito desapareceu no modelo totalmente ajustado.
Este estudo confirma as conclusões anteriores de que as crianças nascidas por cesárea são aproximadamente 20% mais prováveis de serem diagnosticadas como tendo TEA. No entanto, a associação não persistiu ao usar irmãos como controles no estudo, o que indica que esta associação pode ser devido a fatores de confusão familiar, por fatores genéticos e/ou ambientais.
Fonte: JAMA Psychiatry, publicação online, de 24 de junho de 2015