Valor prognóstico da força de preensão em relação à mortalidade: conclusões do estudo Prospective Urban Rural Epidemiology (PURE)
Força muscular reduzida, medida pela força de preensão, tem sido associada a um risco aumentado de mortalidade1 por todas as causas e mortalidade1 cardiovascular. A força de preensão é um meio atraente de estratificação de risco de um indivíduo para a morte por ser um meio simples, rápido e barato. No entanto, o valor prognóstico2 dela ainda é desconhecido. O objetivo deste estudo foi avaliar a importância prognóstica da força de preensão em diversos países sociocultural e economicamente diferentes.
O estudo longitudinal Prospective Urban Rural Epidemiology (PURE) teve a participação de cerca de 140.000 participantes e foi realizado em 17 países de diferentes rendas e configurações socioculturais. Foi incluída uma amostra imparcial das famílias, que eram elegíveis se pelo menos um membro tivesse idade entre 35-70 anos e se os membros da família tivessem a intenção de ficar naquele endereço por mais quatro anos. Os participantes foram avaliados quanto à força de preensão usando um dinamômetro3 Jamar. Durante um período de acompanhamento médio de quatro anos, avaliou-se todas as causas de mortalidade1, mortalidade1 cardiovascular, mortalidade1 não-cardiovascular, infarto do miocárdio4, acidente vascular cerebral5, diabetes6, câncer7, pneumonia8, internação hospitalar por pneumonia8 ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), internação hospitalar por doença respiratória (incluindo DPOC, asma9, tuberculose10 e pneumonia8), lesões11 devido a queda e fratura12.
Entre janeiro de 2003 e dezembro de 2009, 142.861 participantes foram inscritos no estudo PURE, dos quais 139.691 com evolução de saúde13 conhecida foram incluídos na análise. Durante um período de acompanhamento médio de quatro anos, 3.379 (2%) de 139.691 participantes morreram. Após o ajuste, a associação entre a força de preensão e cada resultado, com as exceções de câncer7 e de internação hospitalar devido a doença respiratória, foi semelhante entre os estratos de renda dos países. A força de preensão foi inversamente associada à mortalidade1 por todas as causas, à mortalidade1 cardiovascular, à mortalidade1 não-cardiovascular, infarto do miocárdio4 e acidente vascular cerebral5. A força de preensão foi um preditor mais forte de mortalidade1 por todas as causas e por causas cardiovasculares do que a pressão arterial sistólica14. Não houve associação significativa entre a força de preensão e a incidência15 de diabetes6, o risco de internação por pneumonia8 e DPOC, ferimentos causados por queda ou por fratura12. Em países de alta renda, o risco de câncer7 e a força de preensão foram positivamente associados, mas essa associação não foi encontrada em países de rendas média e baixa.
Este estudo sugere que a medida da força de preensão é um método de estratificação de risco simples e barato para todas as causas de morte, morte cardiovascular e doença cardiovascular. Mais pesquisas são necessárias para identificar os determinantes da força muscular e para testar se a melhoria da força reduz a mortalidade1 e as doenças cardiovasculares16.