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The Lancet Diabetes & Endocrinology: parar de fumar afeta o controle glicêmico de diabéticos?

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Fumar aumenta o risco de desenvolver diabetes tipo 21. No entanto, vários estudos populacionais mostram também um risco maior de desenvolver diabetes2 nos primeiros três a cinco anos após a cessação do tabagismo do que em fumantes que continuam a fumar. Depois de dez a doze anos, o risco de diabetes2 equivale a quem nunca fumou. Pequenos estudos de coorte3 sugerem que o controle do diabetes2 deteriora temporariamente durante o primeiro ano após parar de fumar. Em um estudo populacional, os investigadores avaliaram se parar ou não parar de fumar está associado ao controle alterado do diabetes2, por quanto tempo esta associação persiste e se esta associação foi ou não mediada pela mudança de peso corporal.

Foi feito um estudo de coorte4 retrospectivo5 (01 de janeiro de 2005 a 31 de dezembro de 2010) de fumantes adultos com diabetes2 tipo 2, utilizando a The Health Improvement Network (THIN), um grande banco de dados de atenção primária no Reino Unido. Foram desenvolvidos modelos de regressão multiníveis ajustados para investigar a associação entre o ato de parar de fumar, a duração da abstinência do cigarro, a mudança na HbA1c6 e o efeito mediador da mudança de peso corporal nesta associação.

Foram incluídos no estudo 10.692 fumantes adultos com diabetes2 tipo 2. Destes, 3.131 (29%) pararam de fumar e permaneceram abstinentes por pelo menos um ano. Após o ajuste para possíveis fatores de confusão, a HbA1c6 aumentou em 0,21% (IC 95% 0,17-0,25; p<0,001; [2,34 mmol/mol (IC 95% 1,91-2,77)]) no primeiro ano após parar de fumar. A HbA1c6 diminuiu à medida que a abstinência continuou e tornou-se comparável a dos fumantes contínuos após três anos. Este aumento da HbA1c6 não foi mediado pela mudança de peso corporal.

No diabetes tipo 21, a cessação do tabagismo está associada à deterioração do controle da glicemia7 que dura cerca de três anos e esta não está relacionada ao ganho de peso corporal. Em nível populacional, este aumento temporário pode aumentar as complicações microvasculares.

O estudo foi financiado pelo National Institute for Health Research School for Primary Care Research.

Fonte: The Lancet Diabetes2 & Endocrinology, publicação online, de 29 de abril de 2015

NEWS.MED.BR, 2015. The Lancet Diabetes & Endocrinology: parar de fumar afeta o controle glicêmico de diabéticos?. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/755482/the-lancet-diabetes-amp-endocrinology-parar-de-fumar-afeta-o-controle-glicemico-de-diabeticos.htm>. Acesso em: 10 out. 2024.

Complementos

1 Diabetes tipo 2: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina. O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode aparecer em jovens.
2 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
3 Estudos de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
4 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
5 Retrospectivo: Relativo a fatos passados, que se volta para o passado.
6 HbA1C: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
7 Glicemia: Valor de concentração da glicose do sangue. Seus valores normais oscilam entre 70 e 110 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl).
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