JAMA Pediatrics: exposição pré-natal ao bisfenol A (BPA) pode estar associada à função pulmonar reduzida e ao desenvolvimento de sibilos persistentes em crianças
O bisfenol A (BPA), uma substância química que desregula a função endócrina fisiológica1, tem sido associado à sibilância em crianças, mas poucos estudos examinaram o seu efeito sobre a função pulmonar ou o chiado em crianças mais velhas.
Com o objetivo de testar se a exposição ao BPA está associada à função pulmonar, aos sibilos e a um padrão de chiado em crianças durante os primeiros cinco anos de vida foi realizado um estudo publicado pelo JAMA Pediatrics.
No estudo de coorte2 de nascimento foram inscritos 398 pares de mãe-criança, no início da gravidez3, em Cincinnati, Ohio. Foram coletadas amostras de urina4 materna durante a gravidez3 (entre 16 e 26 semanas) e amostras de urina4 das crianças anualmente para avaliar a exposição ao BPA durante a gestação e após o nascimento.
Os pesquisadores avaliaram o chiado relatado pelos pais a cada seis meses durante cinco anos e mediram o volume expiratório forçado no primeiro segundo5 da expiração6 (FEV1) das crianças nas idades de 4 e 5 anos. As associações de exposição ao BPA com a função respiratória, incluindo FEV1, chiado infantil e fenótipo7 do chiado foram avaliadas.
As concentrações urinárias de BPA e os dados do FEV1 estavam disponíveis para 208 crianças e as concentrações de BPA na urina4 e os dados de chiado relatados pelos pais estavam disponíveis para 360 crianças. A média de concentração urinária de BPA materna variou de 0,53-293,55 µg/g de creatinina8. Na análise multivariada, cada aumento de 10 vezes na concentração urinária média de BPA materna foi associado com um decréscimo de 14,2% (IC 95% -24,5% para -3,9%) na percentagem de FEV1 previsto para quatro anos, mas não foi encontrada associação aos cinco anos. Na análise multivariada, cada aumento de 10 vezes na concentração média de BPA urinária materna foi marginalmente associado com um aumento de 54,8% nas chances de sibilância (odds ratio ajustado 1,55; IC 95% 0,91-2,63). Enquanto a concentração média de BPA urinária materna não foi associada com o fenótipo7 do chiado, um aumento de 10 vezes na concentração BPA urinária materna de 16 semanas foi associado com um aumento de 4,27 vezes na probabilidade de chiado persistente (odds ratio ajustado 4,27; IC 95% 1,37-13,30). As concentrações de BPA na urina4 das crianças não foram associadas com FEV1 ou chiado.
Concluiu-se que estes resultados fornecem evidências que sugerem que a exposição pré-natal, mas não pós-natal, ao BPA está associada com a função pulmonar reduzida e com o desenvolvimento de sibilos persistentes em crianças.
Fonte: JAMA Pediatrics, volume 168, número 12, de dezembro de 2014