Lacunas de tratamento no diabetes tipo 2 de início precoce: estudo transversal de uma coorte prospectiva publicado pelo The Lancet
A prevalência1 do diabetes2 está aumentando em jovens adultos na Ásia, mas pouco se sabe sobre o controle metabólico ou a taxa de complicações associadas à doença nesta população. Pesquisadores asiáticos avaliaram a prevalência1 do início precoce versus início tardio do diabetes tipo 23, os fatores de risco e os encargos associados às complicações desta patologia4, na coorte5 Joint Asia Diabetes2 Evaluation (JADE).
O JADE é um estudo de coorte6 prospectivo7 em andamento. Foram incluídos adultos com diabetes tipo 23 a partir de 245 ambulatórios em nove países ou regiões asiáticos. Classificamos os pacientes como portadores de diabetes2 de início precoce quando recebiam o diagnóstico8 antes da idade de 40 anos e como tendo diabetes2 de início tardio se eles fossem diagnosticados com 40 anos ou mais. Os dados para a primeira avaliação dos participantes do JADE foram extraídos para a análise transversal. Foram comparadas as características clínicas, os fatores de risco metabólicos e a prevalência1 de complicações entre os participantes com diabetes2 de início precoce e aqueles com diabetes2 de início tardio.
Entre 1° de novembro de 2007 e 21 de dezembro de 2012 foram inscritos 41.029 pacientes (15.341 de Hong Kong, 9.107 da Índia, 7.712 das Filipinas, 5.646 da China, 1.751 da Coreia do Sul, 705 do Vietnã, 385 de Singapura, 275 da Tailândia e 107 de Taiwan). 7.481 pacientes (18%) tinham diabetes2 de início precoce, com média de idade no momento do diagnóstico8 de 32,9 anos versus média de 53,9 anos para aqueles com diabetes2 de início tardio (n=33.548). Aqueles com diabetes2 de início precoce tiveram duração mais longa da doença (média de 10 anos [IQR 3-18]) do que aqueles com diabetes2 de início tardio (5 anos [2-11]). Menos pacientes com diabetes2 de início precoce atingiam concentrações de HbA1c9 inferior a 7% em comparação com aqueles com diabetes2 de início tardio (27% vs 42%, p<0,0001). Os pacientes com diabetes2 de início precoce tinham concentrações médias mais elevadas de HbA1c9 (média 8,32% vs 7,69%, p<0,0001), LDL colesterol10 (2,78 mmol/L11 vs 2,74, p=0,009) e maior prevalência1 de retinopatia (1.363 [20%] vs 5.714 (18%), p=0,011) do que aqueles com diabetes2 de início tardio, mas eram menos propensos a receber estatinas (2.347 [31%] vs 12.441 [37%], p<0,0001) e inibidores do sistema renina-angiotensina (1.868 [25%] vs 9.665 [29%], p=0,006).
Em ambientes clínicos de toda a Ásia, um em cada cinco pacientes adultos têm diabetes2 de início precoce. Em comparação com pacientes com diabetes2 de início tardio, o controle metabólico em pessoas com diabetes2 de início precoce é pobre e menos pacientes recebem medicações para a proteção dos órgãos alvo de complicações do diabetes mellitus12. Dado o risco conferido pelo longo prazo do mau controle metabólico da doença, os resultados do estudo sugerem uma epidemia iminente de complicações diabéticas em indivíduos com início precoce da doença.
O estudo publicado no The Lancet Diabetes2 & Endocrinology foi financiado pela The Asia Diabetes2 Foundation (ADF) e pelo laboratório Merck.
Fonte: The Lancet Diabetes2 & Endocrinology, publicação online, de 28 de julho de 2014