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Exame pélvico em mulheres adultas: um guia de prática clínica do American College of Physicians

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O American College of Physicians (ACP) desenvolveu este guia para apresentar as evidências e fornecer as recomendações clínicas sobre a utilidade da triagem com o exame pélvico1 para a detecção de patologias em mulheres adultas, assintomáticas e não grávidas. Esta revisão foi realizada pelo Minneapolis Veterans Affairs Health Care System's Evidence-based Synthesis Program Center.

Para efeitos deste artigo, o exame pélvico1 significa o exame com espéculo2 e o exame bimanual e não inclui a obtenção de um exame de Papanicolaou para o rastreio do câncer3 de colo do útero4, o que não é considerado neste guia. As condições patológicas que são potencialmente detectáveis no exame pélvico1 incluem câncer3, infecções5 e doenças inflamatórias pélvicas6 assintomáticas.

Esta diretriz é baseada em uma revisão sistemática da literatura, publicada em língua7 inglesa, de 1946 a janeiro de 2014, usando dados do MEDLINE e de revisão manual. Os resultados avaliados incluem morbidade8, mortalidade9 e danos, incluindo excesso de diagnósticos, tratamentos desnecessários, danos relacionados ao procedimento de diagnóstico10, medo, ansiedade, vergonha, dor e desconforto. O público-alvo desta diretriz inclui todos os médicos e a população de pacientes-alvo, ou seja, mulheres adultas, assintomáticas e não grávidas.

A recomendação do ACP é para a não realização de triagem com exame pélvico1 em mulheres adultas, assintomáticas e não grávidas (forte recomendação, qualidade moderada das evidências). As evidências atuais mostram que os danos superam os benefícios demonstrados associados ao exame pélvico1 de triagem. Evidências indiretas mostraram que a triagem com exame pélvico1 não reduz as taxas de mortalidade9 ou de morbidade8 em mulheres adultas assintomáticas. Além disso, há evidências de baixa qualidade de que a triagem com exame pélvico1 leva a danos, incluindo medo, ansiedade, vergonha, dor e desconforto, e, possivelmente, impede as mulheres de receberem alguns cuidados médicos. Os resultados falso-positivos da triagem podem levar a laparoscopias ou laparotomias desnecessárias.

Note-se que essa diretriz está focada na triagem de mulheres assintomáticas. O exame pélvico1 completo com palpação11 bimanual (toque bimanual abdomino-vaginal) é indicado em algumas situações clínicas que devem ser levadas em consideração pelos ginecologistas.

Fonte: Annals of Internal Medicine, volume 161, número 1, de 1° de julho de 2014 

NEWS.MED.BR, 2014. Exame pélvico em mulheres adultas: um guia de prática clínica do American College of Physicians. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/551402/exame-pelvico-em-mulheres-adultas-um-guia-de-pratica-clinica-do-american-college-of-physicians.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Pélvico: Relativo a ou próprio de pelve. A pelve é a cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ilíacos), sacro e cóccix; bacia. Ou também é qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
2 Espéculo: Instrumento destinado a dilatar a entrada de certas cavidades do corpo, para facilitar a visualização e exame de seu interior. Mais usado para exames ginecológicos, para visualizar-se a vagina e o colo do útero.
3 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
4 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
5 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
6 Pélvicas: Relativo a ou próprio de pelve. A pelve é a cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ilíacos), sacro e cóccix; bacia. Ou também é qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
7 Língua:
8 Morbidade: Morbidade ou morbilidade é a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento.
9 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
10 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
11 Palpação: Ato ou efeito de palpar. Toque, sensação ou percepção pelo tato. Em medicina, é o exame feito com os dedos ou com a mão inteira para explorar clinicamente os órgãos e determinar certas características, como temperatura, resistência, tamanho etc.
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