JAMA: terapia cognitivo-comportamental associada à amitriptilina para enxaqueca crônica em crianças e adolescentes
Até o momento, não existem intervenções seguras, eficazes e duradouras baseadas em evidências para o tratamento de crianças e adolescentes com enxaqueca1 crônica.
Com o objetivo de determinar os benefícios da terapia cognitivo2-comportamental (TCC), quando combinada à amitriptilina, versus a educação sobre dor de cabeça3 mais o uso de amitriptilina, em um grupo de crianças e adolescentes com cefaleia4 crônica, foi realizado um estudo clínico randomizado5 com 135 jovens (79% do sexo feminino), com idades entre 10 e 17 anos, com diagnóstico6 de enxaqueca1 crônica (≥ 15 dias com dor de cabeça3/mês) e um Índice de Avaliação de Incapacidade Pediátrica com a Enxaqueca1 (PedMIDAS), do inglês Pediatric Migraine Disability Assessment Score, maior do que 20 pontos. Eles foram distribuídos em grupos para receber TCC mais amitriptilina (n = 64) ou educação sobre dor de cabeça3 mais amitriptilina (n = 71). O estudo foi realizado no Headache Center do Cincinnati Children’s Hospital, entre Outubro de 2006 e Setembro de 2012; 129 completaram 20 semanas de acompanhamento e 124 completaram 12 meses de acompanhamento.
Dez sessões de TCC versus dez sessões de educação sobre dor de cabeça3 envolvendo tempo equivalente e atenção do terapeuta fizeram parte das intervenções realizadas. Cada grupo recebeu 1 mg/kg/dia de amitriptilina e uma visita ao final de 20 semanas. Além disso, as visitas de acompanhamento foram realizadas em 3, 6, 9 e 12 meses.
Os principais resultados foram os dias com dor de cabeça3, como desfecho primário, e a pontuação no PedMIDAS (faixa de pontuação de incapacidade: 0-240 pontos; 0-10 para pouco ou nenhuma, 11-30 para leve, 31-50 para moderada, maior que 50 para grave) como desfecho secundário; ambos determinados em 20 semanas de acompanhamento. O significado clínico foi medido por uma redução de 50% ou mais nos dias com dor de cabeça3 e uma pontuação de incapacidade na faixa de leve a nenhuma (< 20 pontos).
No início do estudo, houve uma média de 21 dias com dor de cabeça3 em um período de 28 dias e a média no índice PedMIDAS foi de 68 pontos. Ao final de 20 semanas, os dias com dor de cabeça3 foram reduzidos em 11,5 dias a menos para o grupo de TCC mais amitriptilina versus 6,8 dias a menos para o grupo da educação sobre dor de cabeça3 e amitriptilina (P = 0,002). Os valores do índice PedMIDAS diminuíram 52,7 pontos para o grupo TCC versus 38,6 pontos para o grupo da educação (P = 0,01). No grupo TCC, 66% tiveram uma redução de 50% ou mais em dias de dor de cabeça3 versus 36% no grupo de educação sobre cefaleia4 (P < 0,001). Aos 12 meses de acompanhamento, 86% do grupo TCC tiveram uma redução de 50% ou mais em dias de dor de cabeça3 contra 69% do grupo da educação em dor de cabeça3, 88% do grupo TCC tinham um PedMIDAS de menos de 20 pontos versus 76% do grupo da educação. A credibilidade das medidas de tratamento e a integridade do tratamento foram altas para ambos os grupos.
Concluiu-se que entre os jovens com enxaqueca1 crônica, o uso de TCC mais amitriptilina resultou em maiores reduções nos dias com dor de cabeça3 e na incapacidade relacionada à enxaqueca1 em comparação ao uso da educação sobre dor de cabeça3 mais amitriptilina. Estes resultados suportam a eficácia da TCC no tratamento de enxaqueca1 crônica em crianças e adolescentes.