Delirium em adultos: proposto novo protocolo do NICE com treze estratégias eficazes para prevenção do delirium em adultos em risco
Delirium1 é uma condição negligenciada em relação à sua frequência e consequências graves. O recém-publicado protocolo do NICE sobre as estratégias de prevenção desta condição mostra três conclusões: o delirium1 é mal reconhecido e subdiagnosticado, cerca de um terço de todos os episódios poderiam ser evitados e a prevenção é uma estratégia custo-efetiva.
Resumimos as treze estratégias eficazes, recomendadas pelo NICE, para a prevenção do delirium1. Elas incluem orientação de comunicação, atividades terapêuticas, mobilização precoce, abordagens não farmacológicas para melhoria do sono, manutenção de uma alimentação e hidratação saudáveis, adaptação para problemas da visão2 e para deficiências auditivas, análise de medicamentos usados pelos pacientes, controle de infecções3, prevenção de hipóxia4 e manejo adequado da dor.
1. Assegurar que as pessoas em risco de delirium1 sejam atendidas por uma equipe de profissionais de saúde5 que estão familiarizados com a pessoa em risco. Evitar mover essas pessoas entre alas ou quartos, a menos que seja absolutamente necessário.
2. Dentro das primeiras 24 horas de internação, avaliar os fatores clínicos que podem estar contribuindo para o delírio6. Com base nos resultados desta avaliação, proporcionar uma intervenção multiprofissional adaptada às necessidades individuais. Reconhecer e endereçar os cuidados ambientais necessários.
3. As intervenções multidisciplinares devem ser entregues a uma equipe treinada e competente para a prevenção do delirium1.
4. Manejar o comprometimento cognitivo7 ou a desorientação, fornecendo iluminação adequada e sinalização clara e objetiva, assegurando que um relógio (considerar o fornecimento de um relógio de 24 horas na unidade de cuidados intensivos) e um calendário sejam facilmente visíveis para a pessoa em risco. Conversar com a pessoa para reorientá-la sobre onde está, quem ela é e qual a sua ocupação. Introduzir atividades cognitivas estimulantes e facilitar visitas regulares de familiares e amigos.
5. Avaliar a possibilidade de desidratação8 e de constipação9, garantindo a ingestão adequada de líquidos. Encorajar a pessoa a ingerir líquidos e avaliar a necessidade de infusões intravenosas. Cuidado no manejo do equilíbrio de fluidos em pessoas com comorbidades10 como, por exemplo, insuficiência cardíaca11 ou insuficiência renal12 crônica.
6. Avaliar a hipóxia4 e otimizar a saturação de oxigênio, se necessário, da maneira clinicamente apropriada.
7. Diagnosticar precocemente infecções3, reconhecendo e tratando o problema. Evitar cateterismos desnecessários, implementar procedimentos de controle de infecção13 de acordo com as recomendações do NICE.
8. Evitar a imobilidade ou a mobilidade reduzida através das seguintes ações: incentivar todas as pessoas a caminhar logo após cirurgias, proporcionar a ajuda adequada em cada caso. Mesmo aqueles com dificuldades de locomoção devem ser incentivados a fazer exercícios ativos, como e quando for possível.
9. Avaliar a presença de dor, incluindo a procura de sinais14 não-verbais de dor, particularmente em pessoas com dificuldades de comunicação (por exemplo, pessoas com dificuldades de aprendizagem, demência15, pacientes em uso de respiradores artificiais ou que têm uma traqueostomia16). Iniciar o manejo da dor e a análise adequada em qualquer pessoa em quem a dor for identificada ou suspeita.
10. Proceder a uma revisão das medicações em pessoas que recebem diversos medicamentos, levando em consideração tanto o tipo, quanto o número de medicamentos.
11. Dar suporte nutricional quando necessário. Garantir que pessoas que usam próteses dentárias (dentaduras, pontes, coroas, etc.) tenham um encaixe perfeito das mesmas, facilitando a alimentação.
12. Resolver qualquer causa reversível de deficiências, como cera nos ouvidos ou a necessidade de aparelhos auditivos para facilitar a audição, garantir recursos visuais que podem estar disponíveis para pessoas que precisam deles. Verificar se estas ajudas estão em boas condições de funcionamento.
13. Promover um bom padrão de sono, evitando procedimentos médicos ou de enfermagem durante as horas de descanso, modificar rodadas de medicação que perturbem o sono dos pacientes e reduzir o ruído ao mínimo durante os períodos de sono, sempre que possível.
Fontes:
National Institute for Health and Clinical Excellence
Annals of Internal Medicine - Volume 154, número 11, de junho de 2011
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