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A adesão rigorosa às intervenções aumenta a probabilidade de remissão do diabetes tipo 2

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Pacientes com diabetes tipo 21 (DM2) recentemente diagnosticado conseguem alcançar a remissão com a adesão rigorosa a protocolos personalizados, de acordo com os resultados de uma revisão sistemática e metanálise publicada no jornal científico Diabetes2 Care.

A pesquisa sobre a remissão do diabetes2 sem o uso de medicamentos hipoglicemiantes3 é uma área em rápida evolução.

Para formar um consenso sobre as características da remissão do DM2, a equipe consultiva de remissão do diabetes tipo 21 da Integrated Knowledge Translation (iKT) pesquisou em bases de dados de publicações até abril de 2025 por ensaios clínicos4 randomizados (ECR) relatando a remissão do DM2.

A análise incluiu um total de 18 ECR publicados entre 2008 e 2025 e conduzidos em 11 países.

“As evidências sugerem que uma variedade de abordagens, incluindo farmacoterapia, dieta, atividade física, orientação em saúde5 e componentes psicológicos, pode induzir a remissão do diabetes tipo 21 em pacientes com diabetes tipo 21 recém-diagnosticado, quando aplicadas em condições ideais e com os participantes idealmente seguindo protocolos rigorosos.”

Leia: "Diabetes tipo 21 tem cura? Evidências atuais e estratégias de controle" e "Avanços recentes no tratamento do diabetes2".

A população combinada do estudo compreendeu 6.433 pacientes que receberam intervenções não farmacológicas e 1.488 pacientes que receberam intervenções farmacológicas. No início do estudo, os pacientes diagnosticados com DM2 entre 14,6 meses e 6,7 anos antes apresentavam hemoglobina glicada6 (HbA1c7) média de 6,6% a 10,4% e, predominantemente, nunca tinham usado insulina8.

A maioria das intervenções farmacológicas do estudo combinou medicamentos antidiabéticos com componentes de atividade física, nutrição9 e orientação em saúde5, enquanto as intervenções não farmacológicas incluíram intervenções nutricionais com ou sem atividade física.

Tanto as intervenções farmacológicas (razão de risco [RR], 1,75; IC 95%, 1,49-2,04; I², 0%; P = 0,00) quanto as não farmacológicas (RR, 5,8; IC 95%, 4,28-7,87; I², 47%; P = 0,00) foram associadas a uma maior probabilidade de alcançar remissão do que o controle.

As intervenções farmacológicas (variação da RR, 1,63-1,8; todos I², 0%) e não farmacológicas (variação da RR, 3,14-7,54; variação de I², 20%-43%) foram fortemente associadas à remissão, independentemente da duração do acompanhamento.

As intervenções farmacológicas foram associadas a uma maior porcentagem de perda de peso do que o controle (diferença média [DM], 1,84%; IC 95%, 1,1%-2,59%; I², 38%), enquanto as intervenções não farmacológicas foram associadas a uma maior redução no peso corporal (DM, -5,05 kg; IC 95%, -7,1 a -3,01; I², 94%) e na HbA1c7 em relação ao valor basal (DM, -1,16%; IC 95%, -1,64% a -0,68%; I², 91%) ou pós-intervenção (DM, -0,98%; IC 95%, -1,41% a -0,55%; I², 89%) do que o controle.

As intervenções farmacológicas foram associadas a um risco aumentado de hipoglicemia10 leve a moderada em relação ao controle (RR, 2,95; IC 95%, 1,95-4,47).

Dados de um estudo indicaram que os custos com medicamentos foram 77,2% menores para os participantes da intervenção, em comparação com 3,0% para os participantes do grupo controle.

Este estudo foi limitado pela combinação de dados de vários protocolos de intervenção e controle e pelo fato de não ter sido estabelecida uma definição universal de remissão do DM2.

Os autores do estudo concluíram a revisão e metanálise confirmou a eficácia de intervenções multicomponentes e complexas para remissão do diabetes tipo 21.

Confira a seguir o resumo do artigo publicado.

Remissão do diabetes tipo 21: uma revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos4 randomizados não cirúrgicos

As evidências de que o diabetes tipo 21 pode ser revertido têm sido limitadas pela compreensão e implementação dessas intervenções.

Neste estudo, avaliou-se o efeito de ensaios clínicos4 randomizados (ECRs) não cirúrgicos na remissão do diabetes tipo 21 e caracterizou-se os componentes principais.

Foram revisados artigos das bases de dados MEDLINE e Embase (início até abril de 2025). Foram incluídos ECRs de intervenções multimodais farmacológicas ou não farmacológicas para remissão do diabetes tipo 21 em adultos com diabetes tipo 21. Extraiu-se as características dos estudos e os desfechos clínicos/de saúde5 populacional, relatados pelos pacientes e eventos adversos.

Foi realizada uma metanálise multinível de efeitos aleatórios dos estudos, agrupados com base no tipo de intervenção e na duração do acompanhamento. Um total de 18 estudos foram incluídos nesta revisão, de 11 países diferentes.

Houve maior probabilidade de alcançar a remissão do diabetes tipo 21 por meio de intervenções multimodais (razão de risco [RR] 1,75 [IC 95% 1,49-2,04]) e para intervenções não farmacológicas (RR 5,80 [IC 95% 4,28-7,87]), em comparação com o grupo controle.

Outros desfechos significativos para os grupos de intervenção, em comparação com os grupos controle, incluíram alteração na A1C11, perda de peso e qualidade de vida, além de melhora nos eventos adversos da hipoglicemia10.

Foram destacadas algumas limitações: heterogeneidade nesse pequeno conjunto de estudos incluídos (diversidade de componentes não farmacológicos), protocolos de intervenção rigorosos, critérios de seleção de participantes restritos e ausência de definições consistentes de remissão do diabetes2.

O estudo concluiu que, com protocolos específicos, uma variedade de abordagens personalizadas pode induzir a remissão do diabetes tipo 21 para pacientes12 com diabetes tipo 21 recém-diagnosticado que conseguem aderir a protocolos rigorosos. Considerações sobre sustentabilidade e eficácia a longo prazo são necessárias em pesquisas futuras, juntamente com as preferências dos pacientes.

Veja também sobre "Pré-diabetes13", "Diabetes tipo 21" e "Opções de tratamentos para o diabetes2".

 

Fontes:
Diabetes2 Care, publicação em 22 de setembro de 2025.
Endrocrinology Advisor, notícia publicada em 08 de outubro de 2025.

 

NEWS.MED.BR, 2025. A adesão rigorosa às intervenções aumenta a probabilidade de remissão do diabetes tipo 2. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1496155/a-adesao-rigorosa-as-intervencoes-aumenta-a-probabilidade-de-remissao-do-diabetes-tipo-2.htm>. Acesso em: 10 out. 2025.

Complementos

1 Diabetes tipo 2: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina. O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode aparecer em jovens.
2 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
3 Hipoglicemiantes: Medicamentos que contribuem para manter a glicose sangüínea dentro dos limites normais, sendo capazes de diminuir níveis de glicose previamente elevados.
4 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
5 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
6 Hemoglobina glicada: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
7 HbA1C: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
8 Insulina: Hormônio que ajuda o organismo a usar glicose como energia. As células-beta do pâncreas produzem insulina. Quando o organismo não pode produzir insulna em quantidade suficiente, ela é usada por injeções ou bomba de insulina.
9 Nutrição: Incorporação de vitaminas, minerais, proteínas, lipídios, carboidratos, oligoelementos, etc. indispensáveis para o desenvolvimento e manutenção de um indivíduo normal.
10 Hipoglicemia: Condição que ocorre quando há uma queda excessiva nos níveis de glicose, freqüentemente abaixo de 70 mg/dL, com aparecimento rápido de sintomas. Os sinais de hipoglicemia são: fome, fadiga, tremores, tontura, taquicardia, sudorese, palidez, pele fria e úmida, visão turva e confusão mental. Se não for tratada, pode levar ao coma. É tratada com o consumo de alimentos ricos em carboidratos como pastilhas ou sucos com glicose. Pode também ser tratada com uma injeção de glucagon caso a pessoa esteja inconsciente ou incapaz de engolir. Também chamada de reação à insulina.
11 A1C: O exame da Hemoglobina Glicada (A1C) ou Hemoglobina Glicosilada é um teste laboratorial de grande importância na avaliação do controle do diabetes. Ele mostra o comportamento da glicemia em um período anterior ao teste de 60 a 90 dias, possibilitando verificar se o controle glicêmico foi efetivo neste período. Isso ocorre porque durante os últimos 90 dias a hemoglobina vai incorporando glicose em função da concentração que existe no sangue. Caso as taxas de glicose apresentem níveis elevados no período, haverá um aumento da hemoglobina glicada. O valor de A1C mantido abaixo de 7% promove proteção contra o surgimento e a progressão das complicações microvasculares do diabetes (retinopatia, nefropatia e neuropatia).
12 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
13 Pré-diabetes: Condição em que um teste de glicose, feito após 8 a 12 horas de jejum, mostra um nível de glicose mais alto que o normal mas não tão alto para um diagnóstico de diabetes. A medida está entre 100 mg/dL e 125 mg/dL. A maioria das pessoas com pré-diabetes têm um risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2.

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