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Design em espiral nas lentes de contato pode transformá-las em multifocais

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Lentes com um design em espiral podem oferecer uma alternativa às lentes multifocais tradicionais. Elas parecem produzir imagens mais nítidas do que as multifocais padrão, mesmo com pouca luz.

De acordo com estudo publicado no periódico científico Optica, inscrever uma espiral no centro de uma lente de contato parece criar vórtices ópticos que interagem de modo que a lente forneça uma imagem nítida de objetos em todas as distâncias.

As lentes foram criadas pelo inventor Laurent Galinier. Quando Bertrand Simon, do Institut d’Optique Graduate School, na França, conheceu Galinier através de uma colaboração científica, quis imediatamente testar as lentes em laboratório.

A lente é redonda como uma lente de contato convencional, mas possui uma espiral bem enrolada criada com um torno em sua superfície. Esta forma espiral modifica o caminho que os raios de luz percorrem através da lente, o que significa que a lente não tem um único ponto focal, mas vários – alguns mais próximos da lente e outros mais distantes dela.

Não está claro exatamente como a forma espiral faz isso, mas Simon diz que ela parece distorcer os raios de luz e criar vórtices ópticos – como mini tornados de luz – que de alguma forma interagem entre si.

Leia sobre "Como é a miopia1", "Vista embaçada: pode ser hipermetropia2" e "Astigmatismo3: como é".

No laboratório, Simon e seus colegas analisaram a luz laser que passava pelas lentes espirais e simularam o processo em um computador. Em uma comparação direta com uma lente multifocal convencional, a lente espiral ofereceu mais clareza e detalhes quando muita luz passou por ela, e ainda funcionou bem em condições de pouca luz.

Por causa disso, as lentes espirais podem ser adequadas sob diversas condições de iluminação: por exemplo, podem ser úteis para pessoas que usam lentes multifocais enquanto dirigem à noite, diz Simon. Ele mesmo experimentou um par de lentes de contato espirais e diz que, embora o material rígido fosse desconfortável ao tocar o olho4, poupou-lhe o esforço de ter que tirar os óculos para olhar o telefone. Com as lentes espirais ele conseguia ver a tela claramente.

James Wolffsohn, da Aston University, no Reino Unido, diz que muitas pessoas têm problemas para focar em objetos próximos, mesmo que sua visão5 à distância tenha sido corrigida. Inovações como as lentes espirais são promissoras, diz ele, mas a diferença que a nova tecnologia pode realmente fazer para as pessoas só pode ser comprovada com ensaios clínicos6.

Simon diz que pode ser possível criar câmeras mais compactas substituindo algumas das suas lentes por versões com lentes em espiral, mas a equipe quer primeiro fazer mais testes para explorar a ciência subjacente à luz em espiral.

Confira a seguir o resumo do artigo publicado.

Dioptria espiral: lentes de formato livre com comportamento multifocal aprimorado

O design das lentes é de suma importância no mundo em evolução da tecnologia, onde a compacidade e o alto desempenho óptico são uma necessidade, desde smartphones e dispositivos vestíveis até veículos e realidade virtual.

As técnicas de design de forma livre permitem transcender as limitações tradicionais, mas a criação de novas ópticas continua a ser um desafio substancial, a menos que se considere fenômenos físicos não convencionais.

Neste estudo, apresentou-se um tipo de lente baseado em design de forma livre, empregando a espiralização de uma de suas dioptrias que resulta em vórtices ópticos.

Isso permite a multifocalidade, atendendo principalmente às necessidades da oftalmologia; no entanto, as suas aplicações potenciais poderão ter um impacto amplo em muitos outros domínios. Em particular, este design de lente pode ser crucial na miniaturização de tecnologias emergentes, mantendo ao mesmo tempo a sua qualidade óptica.

Veja também sobre "Lentes de contato - o que saber sobre elas" e "Distúrbios de refração dos olhos7".

 

Fontes:
Optica, Vol. 11, Nº 2, em fevereiro de 2024.
New Scientist, notícia publicada em 08 de fevereiro de 2024.

 

Créditos da imagem: Laurent Galinier

 

NEWS.MED.BR, 2024. Design em espiral nas lentes de contato pode transformá-las em multifocais. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1465847/design-em-espiral-nas-lentes-de-contato-pode-transforma-las-em-multifocais.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.

Complementos

1 Miopia: Incapacidade para ver de forma clara objetos que se encontram distantes do olho.Origina-se de uma alteração dos meios de refração do olho, alteração esta que pode ser corrigida com o uso de lentes especiais, e mais recentemente com o uso de cirurgia a laser.
2 Hipermetropia: Transtorno ocular em que existe uma dificuldade para ver objetos de perto. Origina-se de uma alteração dos meios de refração do olho, alteração esta que pode ser corrigida com o uso de lentes especiais e, mais recentemente, com o uso de cirurgia a laser.
3 Astigmatismo: Defeito de curvatura nas superfícies de refração do olho que produz transtornos de acuidade visual.
4 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
5 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
6 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
7 Olhos:
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