A síndrome da fadiga crônica pode ser causada por microcoágulos sanguíneos
Microcoágulos que bloqueiam o fluxo de sangue1 e oxigênio são uma possível explicação para sintomas2 longos da covid, como exaustão e névoa cerebral (brain fog). Agora parece que eles também podem ser culpados pela síndrome3 da fadiga4 crônica.
Estima-se que a síndrome3 da fadiga4 crônica, também conhecida como encefalomielite miálgica ou EM, afete até 2,5 milhões de pessoas apenas nos EUA, mas pouco se sabe sobre o que a causa ou como tratá-la. No Brasil, estima-se que haja um número equivalente, apesar de ainda não haver um estudo epidemiológico aprofundado.
Saiba mais sobre "Síndrome3 da fadiga4 crônica" e "Doenças que causam cansaço excessivo".
Um novo estudo, publicado no periódico Pharmaceuticals, aponta que pessoas com síndrome3 da fadiga4 crônica podem ter pequenos coágulos no sangue1. Esses “microcoágulos” podem ser responsáveis pelos principais sintomas2 da doença, que incluem exaustão persistente, dor e confusão mental.
No artigo, os pesquisadores descrevem a ocorrência de plaquetas5 hiperativadas e microcoágulos fibrinaloides na encefalomielite miálgica / síndrome3 da fadiga4 crônica.
Eles relatam que já foi demonstrado anteriormente que o plasma6 pobre em plaquetas5 (PPP) obtido de pacientes com COVID-19 Longa é caracterizado por um estado hipercoagulável e contém plaquetas5 hiperativadas e um número considerável de fibrina7(ogênio) amiloide já formada, ou microcoágulos fibrinaloides.
Devido à sobreposição substancial de sintomas2 e etiologia8 entre COVID Longa e EM, investigou-se se as coagulopatias refletidas na COVID Longa – hipercoagulabilidade9, hiperativação plaquetária e formação de microcoágulos fibrinaloides – estavam presentes em indivíduos com EM e em controles saudáveis pareados por sexo e idade.
As amostras de EM mostraram hipercoagulabilidade9 significativa conforme avaliado por tromboelastografia de sangue1 total e plasma6 pobre em plaquetas5. A área de imagens de plasma6 contendo microcoágulos fibrinaloides foi geralmente mais de 10 vezes maior em PPP não tratado de indivíduos com EM do que em controles saudáveis. Uma diferença semelhante foi encontrada quando as amostras de plasma6 foram tratadas com trombina10.
Usando o anticorpo11 PAC-1 marcado com fluorescência, que reconhece a glicoproteína IIb/IIIa, e o anticorpo11 CD62P, que se liga à P-selectina, observou-se hiperativação de plaquetas5 em amostras de hematócrito12 da EM.
Usando um sistema de pontuação quantitativa, as plaquetas5 da EM apresentaram uma pontuação média de espalhamento de 2,72 ± 1,24 vs. 1,00 (ativação com formação de pseudópodes) para controles saudáveis.
Os pesquisadores concluíram que a encefalomielite miálgica / síndrome3 da fadiga4 crônica é acompanhada por mudanças substanciais e mensuráveis na coagulabilidade, hiperativação plaquetária e formação de microcoágulos fibrinaloides.
No entanto, a carga de microcoágulos fibrinaloides não foi tão grande quanto foi observado anteriormente na COVID Longa.
Microcoágulos fibrinaloides, em particular, podem contribuir para muitos sintomas2 da encefalomielite miálgica, como fadiga4, observados em pacientes com a condição, através do bloqueio (temporário) de microcapilares e, portanto, isquemia13. Além disso, microcoágulos fibrinaloides podem danificar o endotélio14.
A descoberta desses biomarcadores representa um importante desenvolvimento na pesquisa de encefalomielite miálgica / síndrome3 da fadiga4 crônica. Também aponta possíveis usos para estratégias de tratamento usando medicamentos e/ou nutracêuticos conhecidos que visam a patologia15 vascular16 sistêmica e a inflamação17 endotelial.
Leia sobre "Como se dá a coagulação18 sanguínea", "Coagulopatias" e "Síndrome3 pós-Covid".
Fontes:
Pharmaceuticals, Vol. 15, Nº 8, em 27 de julho de 2022.
New Scientist, notícia publicada em 29 de julho de 2022.