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Terapia experimental com células-tronco do cordão umbilical tratou hipertensão arterial pulmonar grave

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Uma menina com uma doença rara agora pode respirar mais facilmente após receber um tratamento experimental feito com células-tronco1 do cordão umbilical2 de sua irmã, no primeiro caso desse tipo, descrito em estudo publicado na revista Nature Cardiovascular Research.

A menina, da Alemanha, tem uma forma hereditária de hipertensão arterial3 pulmonar, ou pressão alta nas artérias4 dos pulmões5. Isso causa malformação6 dos vasos sanguíneos7 nos pulmões5, levando à insuficiência cardíaca8 progressiva e geralmente fatal. Agora com 6 anos, os médicos haviam recomendado que a menina fizesse um transplante de pulmão9 aos 3 anos, procedimento que geralmente é realizado em crianças que têm menos de um ano de vida.

Em vez disso, ela recebeu o tratamento experimental, no qual Georg Hansmann, da Hannover Medical School, na Alemanha, e seus colegas aproveitaram células-tronco1 do cordão umbilical2 da irmã da menina, que seus pais deram permissão para serem congeladas.

As células10 foram cultivadas em uma placa11. Periodicamente, o líquido nutriente em que eram banhadas era trocado e o líquido antigo era armazenado. Três anos atrás, uma vez acumulado líquido suficiente, ele foi infundido nos vasos sanguíneos7 dos pulmões5 e do coração12 da menina durante seis meses.

A menina, que antes estava sem fôlego em repouso e só conseguia andar lentamente, melhorou gradualmente nos meses seguintes. Ela agora não tem limitações em sua capacidade de exercício. Ela também cresceu 10 centímetros em altura nos primeiros três meses de tratamento, não tendo apresentado crescimento em altura ou peso no ano anterior.

Muitas medições de sua função cardíaca e pulmonar também mostraram melhorias. No entanto, ela ainda tem pressão alta nos pulmões5 e pode precisar de mais tratamento, diz Hansmann.

Saiba mais sobre "Hipertensão13 pulmonar" e "Células-tronco1: conceito, tipos, uso na Medicina e questões éticas".

As células-tronco1 têm o potencial de crescer em diferentes tipos de tecido14 e estão sendo testadas em muitos tratamentos experimentais, por exemplo, para insuficiência renal15 ou hepática16. Elas podem ser obtidas em pequenas quantidades de várias partes do corpo e feitas em laboratório a partir de células10 comuns da pele17.

Os tratamentos com células-tronco1 geralmente envolvem colocar as células10 no corpo de alguém, o que pode causar reações imunológicas. No caso da menina, as células10 não foram transplantadas, mas foram cultivadas em um prato, onde liberaram bioquímicos no líquido nutriente em que foram banhadas. São esses bioquímicos que parecem promover a cicatrização de outros tecidos.

O tratamento da menina usou células-tronco1 mesenquimais18, que estão envolvidas na fabricação e reparação de tecidos esqueléticos. Essas células10 foram testadas anteriormente como uma forma de reparar o músculo cardíaco19 danificado por ataques cardíacos, mas não levaram a benefícios duradouros e os estudos não encontraram vestígios das células10 transplantadas no músculo cardíaco19.

Mas alguns receptores tiveram melhorias de curto prazo, sugerindo que as células10 liberaram substâncias químicas de sinalização que promovem a cura, uma ideia apoiada por vários estudos em animais.

A equipe por trás do tratamento da menina ainda não realizou procedimentos de imagem para visualizar os vasos sanguíneos7 em seus pulmões5. Esses procedimentos podem ser arriscados, principalmente devido à sua condição.

A menina também recebeu dois medicamentos padrão para sua condição antes do tratamento com células-tronco1, o que pode ter contribuído para sua melhora, diz Martin Wilkins, do Imperial College London.

Quando a equipe de Hansmann investigou amostras do líquido de células-tronco1 que a menina recebeu, eles encontraram altos níveis de vários bioquímicos que supostamente promovem a cura e a regeneração, enquanto suprimem a inflamação20, incluindo a prostaglandina21 E2.

Este bioquímico tende a ser rapidamente decomposto no corpo, então outros compostos desconhecidos podem estar tendo um efeito, diz Wilkins. “Este não é um tratamento que podemos apressar para outros pacientes até que entendamos melhor o mecanismo”, diz ele.

“Parece que houve uma melhora tanto em suas medidas bioquímicas quanto em sua capacidade funcional. É razoável supor que há algo acontecendo aqui que é de interesse.”

No artigo publicado, os pesquisadores relatam a aplicação de terapia derivada de células-tronco1 mesenquimais18 de cordão umbilical2 humano (CTMCUH) para hipertensão arterial3 pulmonar (HAP).

Uma menina de 3 anos apresentou HAP hereditária associada a telangiectasia22 hemorrágica23 hereditária e foi tratada por 6  meses com infusões intravasculares24 seriadas de meio condicionado de CTMCUHs alogênicas.

O tratamento melhorou marcadamente os parâmetros clínicos e hemodinâmicos e diminuiu os marcadores plasmáticos de fibrose25 vascular26, lesão27 e inflamação20.

Uma análise comparativa de dados de sequenciamento de RNA de célula28 única coletados de três CTMCUHs e dois controles de células10 endoteliais da veia umbilical humana identificaram oito aglomerados de células10 comuns, todos indicando potencial regenerativo específico para CTMCUHs.

As propriedades das CTMCUHs foram validadas pela quantificação não direcionada da célula28 e do proteoma do meio condicionado, sugerindo aumento da atividade das vias de regeneração, autofagia e anti-inflamação20 e da função mitocondrial.

A análise de prostaglandinas29 demonstrou aumento da secreção de prostaglandina21 E2 pela CTMCUH, conhecida por sua capacidade regenerativa.

Estudos clínicos prospectivos adicionais são necessários para confirmar e explorar ainda mais os benefícios da terapia derivada de células-tronco1 mesenquimais18 de cordão umbilical2 humano para hipertensão arterial3 pulmonar.

Leia sobre "O que vem a ser pressão arterial30" e "Insuficiência cardíaca congestiva31".

 

Fontes:
Nature Cardiovascular Research, publicação em 09 de junho de 2022.
New Scientist, notícia publicada em 09 de junho de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Terapia experimental com células-tronco do cordão umbilical tratou hipertensão arterial pulmonar grave. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1419205/terapia-experimental-com-celulas-tronco-do-cordao-umbilical-tratou-hipertensao-arterial-pulmonar-grave.htm>. Acesso em: 20 nov. 2024.

Complementos

1 Células-tronco: São células primárias encontradas em todos os organismos multicelulares que retêm a habilidade de se renovar por meio da divisão celular mitótica e podem se diferenciar em uma vasta gama de tipos de células especializadas.
2 Cordão Umbilical: Estrutura flexível semelhante a corda, que conecta um FETO em desenvolvimento à PLACENTA, em mamíferos. O cordão contém vasos sanguíneos que transportam oxigênio e nutrientes da mãe ao feto e resíduos para longe do feto.
3 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
4 Artérias: Os vasos que transportam sangue para fora do coração.
5 Pulmões: Órgãos do sistema respiratório situados na cavidade torácica e responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São em número de dois, possuem forma piramidal, têm consistência esponjosa e medem cerca de 25 cm de comprimento. Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. Nos alvéolos se dão as trocas gasosas ou hematose pulmonar entre o meio ambiente e o corpo, com a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e saída do gás carbônico ou dióxido de carbono (que vem da célula como carboemoglobina) dos capilares para o alvéolo.
6 Malformação: 1. Defeito na forma ou na formação; anomalia, aberração, deformação. 2. Em patologia, é vício de conformação de uma parte do corpo, de origem congênita ou hereditária, geralmente curável por cirurgia. Ela é diferente da deformação (que é adquirida) e da monstruosidade (que é incurável).
7 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
8 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
9 Pulmão: Cada um dos órgãos pareados que ocupam a cavidade torácica que tem como função a oxigenação do sangue.
10 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
11 Placa: 1. Lesão achatada, semelhante à pápula, mas com diâmetro superior a um centímetro. 2. Folha de material resistente (metal, vidro, plástico etc.), mais ou menos espessa. 3. Objeto com formato de tabuleta, geralmente de bronze, mármore ou granito, com inscrição comemorativa ou indicativa. 4. Chapa que serve de suporte a um aparelho de iluminação que se fixa em uma superfície vertical ou sobre uma peça de mobiliário, etc. 5. Placa de metal que, colocada na dianteira e na traseira de um veículo automotor, registra o número de licenciamento do veículo. 6. Chapa que, emitida pela administração pública, representa sinal oficial de concessão de certas licenças e autorizações. 7. Lâmina metálica, polida, usualmente como forma em processos de gravura. 8. Área ou zona que difere do resto de uma superfície, ordinariamente pela cor. 9. Mancha mais ou menos espessa na pele, como resultado de doença, escoriação, etc. 10. Em anatomia geral, estrutura ou órgão chato e em forma de placa, como uma escama ou lamela. 11. Em informática, suporte plano, retangular, de fibra de vidro, em que se gravam chips e outros componentes eletrônicos do computador. 12. Em odontologia, camada aderente de bactérias que se forma nos dentes.
12 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
13 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
14 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
15 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
16 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
17 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
18 Mesenquimais: Relativo ao mesênquima; mesenquimático, mesenquimatoso. Mesênquima, na embriologia, é o tecido mesodérmico embrionário dos vertebrados, pouco diferenciado, que origina os tecidos conjuntivos no adulto. Na anatomia geral, no adulto, é o tecido conjuntivo comum e indiferenciado.
19 Músculo Cardíaco: Tecido muscular do CORAÇÃO. Composto de células musculares estriadas e involuntárias (MIÓCITOS CARDÍACOS) conectadas, que formam a bomba contrátil geradora do fluxo sangüíneo.
20 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
21 Prostaglandina: É qualquer uma das várias moléculas estruturalmente relacionadas, lipossolúveis, derivadas do ácido araquidônico. Ela tem função reguladora de diversas vias metabólicas.
22 Telangiectasia: Dilatação permanente da parede de um pequeno vaso sanguíneo localizado na derme.
23 Hemorrágica: Relativo à hemorragia, ou seja, ao escoamento de sangue para fora dos vasos sanguíneos.
24 Intravasculares: Relativos ao interior dos vasos sanguíneos e linfáticos, ou que ali se situam ou ocorrem.
25 Fibrose: 1. Aumento das fibras de um tecido. 2. Formação ou desenvolvimento de tecido conjuntivo em determinado órgão ou tecido como parte de um processo de cicatrização ou de degenerescência fibroide.
26 Vascular: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
27 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
28 Célula: Unidade funcional básica de todo tecido, capaz de se duplicar (porém algumas células muito especializadas, como os neurônios, não conseguem se duplicar), trocar substâncias com o meio externo à célula, etc. Possui subestruturas (organelas) distintas como núcleo, parede celular, membrana celular, mitocôndrias, etc. que são as responsáveis pela sobrevivência da mesma.
29 Prostaglandinas: É qualquer uma das várias moléculas estruturalmente relacionadas, lipossolúveis, derivadas do ácido araquidônico. Ela tem função reguladora de diversas vias metabólicas.
30 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
31 Insuficiência Cardíaca Congestiva: É uma incapacidade do coração para efetuar as suas funções de forma adequada como conseqüência de enfermidades do próprio coração ou de outros órgãos. O músculo cardíaco vai diminuindo sua força para bombear o sangue para todo o organismo.
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