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No diabetes tipo 2, o controle metabólico pode adicionar anos à vida

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Pessoas com diabetes1 que atingiram as metas de tratamento para medidas metabólicas acumularam anos em sua expectativa de vida2, sugeriu um estudo de modelagem publicado no JAMA Network Open. Os resultados demonstram que controlar quatro biomarcadores pode adicionar até uma década à expectativa de vida2.

Entre 421 indivíduos com diabetes tipo 23, aqueles que iniciaram no quartil mais alto para hemoglobina4 A1c5 (média de 9,9%) e reduziram seu nível para um nível normal (HbA1c6 média de 5,9%) conseguiram adicionar 3,8 anos à sua expectativa de vida2, relataram Hui Shao, MD, PhD, da Universidade da Flórida em Gainesville, e colegas.

Indivíduos com os níveis mais altos de HbA1c6 que conseguiram reduzir seus níveis até o terceiro quartil (uma média de 7,7%) tiveram um ganho de 3,4 anos de vida.

Atingir outras metas metabólicas também pareceu aumentar a expectativa de vida2 desses indivíduos. Quanto ao IMC7, aqueles nos três quartis mais baixos para o IMC7 médio tiveram vários anos de vida ganhos quando comparados com aqueles no quartil mais alto que tinham um IMC7 médio de 41,4 (obesidade8 grave).

Padrões semelhantes foram observados com a pressão arterial9. E níveis mais baixos de colesterol10 LDL11 também foram associados a alguns meses ganhos na expectativa de vida2.

Leia sobre "Longevidade - o que é", "Síndrome metabólica12" e "Opções de tratamentos para o diabetes1".

“Nossas descobertas podem ser usadas por médicos e pacientes na seleção de metas ideais de tratamento, para motivar os pacientes a alcançá-las e para medir os potenciais benefícios de saúde13 para intervenções e programas para melhorar o tratamento do diabetes1 nos EUA”, recomendou o grupo de Shao.

“Um melhor controle dos biomarcadores pode aumentar potencialmente a expectativa de vida2 em 3 anos em uma pessoa média com diabetes tipo 23 nos EUA”, escreveram eles. “Para indivíduos com níveis muito altos de HbA1c6, pressão arterial sistólica14, colesterol10 LDL11 e IMC7, o controle de biomarcadores pode aumentar a expectativa de vida2 em mais de 10 anos”.

As melhorias no controle de fatores associados ao risco de diabetes1 nos EUA estagnaram e permanecem abaixo do ideal. O benefício de melhorar continuamente o cumprimento de metas não havia sido avaliado até o momento.

Nesse contexto, o objetivo do estudo foi quantificar ganhos potenciais na expectativa de vida2 (EV) entre pessoas com diabetes tipo 23 (DM2) associados à redução da hemoglobina glicada15 (HbA1c6), da pressão arterial9 sistólica (PAS), do colesterol10 de lipoproteína de baixa densidade (C-LDL11) e do índice de massa corporal16 (IMC7) para níveis ótimos.

Neste modelo analítico de decisão, o modelo de microssimulação Building, Relating, Assessing, and Validating Outcomes (BRAVO) foi calibrado para uma amostra nacionalmente representativa de adultos com DM2 do National Health and Nutrition Examination Survey (2015-2016) usando seus dados de mortalidade17 de curto prazo vinculados do Índice Nacional de Mortes. O modelo foi então usado para conduzir o experimento de simulação na população de estudo ao longo da vida. Os dados foram analisados de janeiro a outubro de 2021.

A população do estudo foi agrupada em quartis com base nos níveis de HbA1c6, PAS, C-LDL11 e IMC7. Os ganhos de EV associados à obtenção de um melhor controle foram estimados movendo as pessoas com DM2 do quartil atual de cada biomarcador para os quartis inferiores.

Entre 421 indivíduos, 194 (46%) eram mulheres, e a idade média (DP) foi de 65,6 (8,9) anos. Comparado com um IMC7 de 41,4 (média do quarto quartil), IMCs mais baixos de 24,3 (primeiro), 28,6 (segundo) e 33,0 (terceiro) foram associados a 3,9, 2,9 e 2,0 anos de vida adicionais, respectivamente, em pessoas com DM2.

Comparado com uma PAS de 160,4 mmHg (quarto), níveis mais baixos de PAS de 114,1 mmHg (primeiro), 128,2 mmHg (segundo) e 139,1 mmHg (terceiro) foram associados a 1,9, 1,5 e 1,1 anos ganhos em EV em pessoas com DM2, respectivamente.

Um nível mais baixo de C-LDL11 de 59 mg/dL18 (primeiro), 84,0 mg/dL18 (segundo) e 107,0 mg/dL18 (terceiro) foi associado a ganho de 0,9, 0,7 e 0,5 anos na EV, em comparação com o C-LDL11 de 146,2 mg/dL18 (quarto).

A redução da HbA1c6 de 9,9% (quarto) para 7,7% (terceiro) foi associada a um ganho de 3,4 anos na EV. No entanto, uma redução adicional para 6,8% (segundo) foi associada apenas a um ganho médio de 0,5 anos na EV, e uma redução de 6,8% para 5,9% (primeiro) não foi associada a benefício na EV. No geral, a redução da HbA1c6 do quarto quartil para o primeiro está associada a um ganho de 3,8 anos na EV.

Esses achados podem ser usados pelos médicos para motivar os pacientes a atingir as metas de tratamento recomendadas e para ajudar a priorizar intervenções e programas para melhorar o tratamento do diabetes1 nos EUA.

Atingir as metas recomendadas provavelmente estenderá a expectativa de vida2 de pessoas com diabetes tipo 23.

Saiba mais sobre "Hemoglobina glicosilada19", "Cálculo20 do IMC7", "Como reduzir o LDL colesterol21" e "Pressão arterial9".

 

Fontes:
JAMA Network Open, publicação em 18 de abril de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 18 de abril de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. No diabetes tipo 2, o controle metabólico pode adicionar anos à vida. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1415210/no-diabetes-tipo-2-o-controle-metabolico-pode-adicionar-anos-a-vida.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.

Complementos

1 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
2 Expectativa de vida: A expectativa de vida ao nascer é o número de anos que se calcula que um recém-nascido pode viver caso as taxas de mortalidade registradas da população residente, no ano de seu nascimento, permaneçam as mesmas ao longo de sua vida.
3 Diabetes tipo 2: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina. O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode aparecer em jovens.
4 Hemoglobina: Proteína encarregada de transportar o oxigênio desde os pulmões até os tecidos do corpo. Encontra-se em altas concentrações nos glóbulos vermelhos.
5 A1C: O exame da Hemoglobina Glicada (A1C) ou Hemoglobina Glicosilada é um teste laboratorial de grande importância na avaliação do controle do diabetes. Ele mostra o comportamento da glicemia em um período anterior ao teste de 60 a 90 dias, possibilitando verificar se o controle glicêmico foi efetivo neste período. Isso ocorre porque durante os últimos 90 dias a hemoglobina vai incorporando glicose em função da concentração que existe no sangue. Caso as taxas de glicose apresentem níveis elevados no período, haverá um aumento da hemoglobina glicada. O valor de A1C mantido abaixo de 7% promove proteção contra o surgimento e a progressão das complicações microvasculares do diabetes (retinopatia, nefropatia e neuropatia).
6 HbA1C: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
7 IMC: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
8 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
9 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
10 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
11 LDL: Lipoproteína de baixa densidade, encarregada de transportar colesterol através do sangue. Devido à sua tendência em depositar o colesterol nas paredes arteriais e a produzir aterosclerose, tem sido denominada “mau colesterol“.
12 Síndrome metabólica: Tendência de várias doenças ocorrerem ao mesmo tempo. Incluindo obesidade, resistência insulínica, diabetes ou pré-diabetes, hipertensão e hiperlipidemia.
13 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
14 Pressão arterial sistólica: É a pressão mais elevada (pico) verificada nas artérias durante a fase de sístole do ciclo cardíaco, é também chamada de pressão máxima.
15 Hemoglobina glicada: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
16 Índice de massa corporal: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
17 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
18 Mg/dL: Miligramas por decilitro, unidade de medida que mostra a concentração de uma substância em uma quantidade específica de fluido.
19 Hemoglobina glicosilada: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
20 Cálculo: Formação sólida, produto da precipitação de diferentes substâncias dissolvidas nos líquidos corporais, podendo variar em sua composição segundo diferentes condições biológicas. Podem ser produzidos no sistema biliar (cálculos biliares) e nos rins (cálculos renais) e serem formados de colesterol, ácido úrico, oxalato de cálcio, pigmentos biliares, etc.
21 LDL colesterol: Do inglês low-density lipoprotein cholesterol, colesterol de baixa densidade ou colesterol ruim.
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