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Distribuição de medicamentos essenciais sem custo pode aumentar adesão ao tratamento em 2 anos

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A adesão aos medicamentos é baixa por vários motivos, incluindo o custo suportado pelos pacientes. Algumas jurisdições financiam publicamente medicamentos para a população em geral, mas muitas jurisdições não, e tais políticas são controversas. Até onde se sabe, nenhum ensaio estudando o acesso gratuito a uma ampla gama de medicamentos foi realizado.

Nesse contexto, foi realizado o ensaio clínico randomizado1 CLEAN Meds, com resultados publicados na revista PLOS Medicine.

Leia sobre "Você está tomando seus remédios como devia?" e "Os perigos da automedicação2".

Pesquisadores designaram aleatoriamente 786 pacientes de cuidados primários que relataram não tomar medicamentos devido ao custo entre 1º de junho de 2016 e 28 de abril de 2017 para distribuição gratuita de medicamentos essenciais (n = 395) ou para acesso a medicamentos habituais (n = 391).

O estudo foi conduzido em Ontário, Canadá, onde os cuidados hospitalares e os serviços médicos são financiados publicamente para a população em geral, mas os medicamentos não.

A população do ensaio era predominantemente feminina (56%), com idade inferior a 65 anos (83%), branca (66%) e tinha uma baixa renda de salários como fonte primária (56%).

O desfecho primário foi a adesão ao medicamento após 2 anos. Os desfechos secundários incluíram controle de diabetes3, pressão arterial4 e colesterol5 de lipoproteína de baixa densidade (LDL6) em pacientes recebendo tratamentos relevantes e custos de saúde7 ao longo de 2 anos.

A adesão a todos os medicamentos prescritos apropriados foi de 38,7% no grupo de distribuição gratuita e 28,6% no grupo de acesso usual após 2 anos (diferença absoluta de 10,1%; intervalo de confiança (IC) de 95% 3,3 a 16,9, p = 0,004).

Não houve diferenças estatisticamente significativas no controle do diabetes3 (hemoglobina8 A1c9 0,27; IC 95% -0,25 a 0,79, p = 0,302), da pressão arterial sistólica10 (-3,9; IC 95% -9,9 a 2,2, p = 0,210) ou do colesterol5 LDL6 (0,26; IC 95% -0,08 a 0,60, p = 0,130) com base nos dados disponíveis.

Os custos totais de saúde7 ao longo de 2 anos foram menores com distribuição gratuita (diferença na mediana de CAN$ 1.117; IC 95% CAN$ 445 a CAN$ 1.778, p = 0,006).

No grupo de distribuição gratuita, 51 participantes experimentaram um evento adverso sério, enquanto 68 participantes no grupo de acesso usual experimentaram um evento adverso sério (p = 0,091). Os participantes não foram cegados e alguns resultados dependeram dos relatórios dos participantes.

Neste estudo, observou-se que a distribuição gratuita de medicamentos essenciais para pacientes11 com não adesão relacionada ao custo aumentou substancialmente a adesão, não afetou os desfechos de saúde7 substitutos e reduziu os custos totais de saúde7 ao longo de 2 anos.

Veja também sobre "Diabetes Mellitus12", "Hipertensão Arterial13" e "Como reduzir o colesterol5 LDL6".

 

Fonte: PLOS Medicine, publicação em 21 de maio de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Distribuição de medicamentos essenciais sem custo pode aumentar adesão ao tratamento em 2 anos. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1396055/distribuicao-de-medicamentos-essenciais-sem-custo-pode-aumentar-adesao-ao-tratamento-em-2-anos.htm>. Acesso em: 18 abr. 2024.

Complementos

1 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
2 Automedicação: Automedicação é a prática de tomar remédios sem a prescrição, orientação e supervisão médicas.
3 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
4 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
5 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
6 LDL: Lipoproteína de baixa densidade, encarregada de transportar colesterol através do sangue. Devido à sua tendência em depositar o colesterol nas paredes arteriais e a produzir aterosclerose, tem sido denominada “mau colesterol“.
7 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
8 Hemoglobina: Proteína encarregada de transportar o oxigênio desde os pulmões até os tecidos do corpo. Encontra-se em altas concentrações nos glóbulos vermelhos.
9 A1C: O exame da Hemoglobina Glicada (A1C) ou Hemoglobina Glicosilada é um teste laboratorial de grande importância na avaliação do controle do diabetes. Ele mostra o comportamento da glicemia em um período anterior ao teste de 60 a 90 dias, possibilitando verificar se o controle glicêmico foi efetivo neste período. Isso ocorre porque durante os últimos 90 dias a hemoglobina vai incorporando glicose em função da concentração que existe no sangue. Caso as taxas de glicose apresentem níveis elevados no período, haverá um aumento da hemoglobina glicada. O valor de A1C mantido abaixo de 7% promove proteção contra o surgimento e a progressão das complicações microvasculares do diabetes (retinopatia, nefropatia e neuropatia).
10 Pressão arterial sistólica: É a pressão mais elevada (pico) verificada nas artérias durante a fase de sístole do ciclo cardíaco, é também chamada de pressão máxima.
11 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
12 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
13 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
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