Efeito da dulaglutida no comprometimento cognitivo no diabetes tipo 2: uma análise exploratória do ensaio REWIND
O diabetes1 é um fator de risco2 independente para comprometimento cognitivo3. O objetivo desse estudo, publicado no The Lancet Neurology, foi investigar a associação entre a dulaglutida, um agonista4 do receptor de peptídeo-1 semelhante ao glucagon5 (glucagon5-like peptide-1, GLP-1), e o comprometimento cognitivo3 como uma análise exploratória no estudo Pesquisando Eventos Cardiovasculares com Incretina Semanal no Diabetes1 (Researching Cardiovascular Events With a Weekly Incretin in Diabetes1, REWIND).
O REWIND é um estudo randomizado6, duplo-cego, controlado por placebo7, em 371 locais em 24 países. Foram incluídos homens e mulheres (com idade ≥50 anos) com diabetes tipo 28 estabelecida ou recém-diagnosticada e fatores de risco cardiovascular adicionais, hemoglobina glicada9 de até 9,5% (80 mmol/mol), em no máximo duas doses orais de medicamentos para redução da glicose10 com ou sem insulina11 basal e índice de massa corporal12 de pelo menos 23 kg/m².
Saiba mais sobre "Diabetes Mellitus13" e "Distúrbio neurocognitivo".
Os participantes receberam aleatoriamente (1:1) injeções subcutâneas uma vez por semana de dulaglutida (1,5 mg) ou um volume igual de placebo7 correspondente. A randomização foi realizada usando um código gerado por computador com estratificação por local. Os participantes e todo o pessoal do estudo foram mascarados para a alocação do tratamento até o banco de dados ser bloqueado.
Os participantes foram acompanhados pelo menos a cada 6 meses para o resultado primário composto de acidente vascular cerebral14, infarto do miocárdio15 ou morte por causas cardiovasculares ou desconhecidas. A função cognitiva16 foi avaliada na linha de base e durante o acompanhamento usando a Avaliação Cognitiva16 de Montreal (MoCA) e Teste de Substituição de Símbolos de Dígitos (DSST).
Apresenta-se aqui o resultado cognitivo3 primário exploratório, que foi a primeira ocorrência de um escore de acompanhamento no MoCA ou DSST que foi 1,5 DPs ou mais abaixo da pontuação média inicial no país do participante. Todas as análises foram feitas usando uma abordagem de intenção de tratar.
Entre 18 de agosto de 2011 e 14 de agosto de 2013, 9.901 participantes foram aleatoriamente designados para dulaglutida (n = 4.949) ou placebo7 (n = 4.952). Durante o acompanhamento médio de 5,4 (IQR 5,1-5,9) anos, 8.828 participantes forneceram uma linha de base e um ou mais escores MoCA ou DSST de acompanhamento, dos quais 4.456 receberam dulaglutida e 4.372 receberam placebo7.
O resultado cognitivo3 ocorreu em 4,55 por 100 pacientes-ano em participantes designados para dulaglutida e em 4,35 por 100 pacientes-ano em pessoas que receberam placebo7 (razão de risco [HR] 0,93, IC 95% 0,85-1,02; p = 0,11).
Após o ajuste post-hoc para pontuações basais individuais padronizadas, o risco de comprometimento cognitivo3 substantivo foi reduzido em 14% naqueles atribuídos à dulaglutida (HR 0,86, IC 95% 0,79-0,95; p = 0,0018).
O tratamento a longo prazo com dulaglutida pode reduzir o comprometimento cognitivo3 em pessoas com diabetes tipo 28. Estudos adicionais deste medicamento focados na saúde17 cerebral e na função cognitiva16 estão claramente indicados.
Leia sobre "Como exercitar seu cérebro18 todos os dias" e "Prevenindo o diabetes1 e suas complicações".
Fonte: The Lancet Neurology, vol. 19, nº 7, em julho de 2020.