PNAS: uso compulsivo de drogas parece estar associado ao desequilíbrio de circuitos cerebrais em cobaias resistentes à punição
Os transtornos do uso de substâncias (SUDs) impõem graves impactos negativos sobre os indivíduos, suas famílias e a sociedade. Estudos clínicos demonstram que alguns usuários crônicos de estimulantes são capazes de reduzir o uso de drogas quando enfrentam consequências adversas, enquanto outros continuam a usar drogas compulsivamente. Os mecanismos subjacentes a essa dicotomia são pouco conhecidos, o que dificulta o desenvolvimento de tratamentos individualizados efetivos para um distúrbio que atualmente não possui tratamentos farmacológicos aprovados pela Food and Drug Administration (FDA).
No presente estudo, usando um modelo com ratos de auto-administração de metanfetamina (SA) na presença de choques concomitantes, pensado para paralelizar o consumo compulsivo de drogas por seres humanos, pesquisadores da Washington University descobriram que o comportamento SA está correlacionado a alterações no equilíbrio entre o aumento do córtex orbitofrontal-dorsomedial estriado — circuito "go" — e a diminuição do córtex pré-límbico ventrolateral estriado — circuito "stop".
Criticamente, essa correlação foi observada apenas em ratos que continuaram a se auto administrar metanfetamina a uma taxa relativamente alta, apesar de receberem choques nos pés de intensidade crescente. Enquanto a conectividade funcional do circuito "stop" se tornou negativa após repetidas SA em todos os ratos, os ratos “resistentes aos choques” mostraram fortalecimento desta conectividade negativa após a exposição ao choque1. Em contraste, os ratos “sensíveis ao choque” mostraram um retorno em direção aos seus níveis basais após a exposição aos choques.
Estes resultados podem ajudar a orientar novas terapias de estimulação cerebral não invasivas destinadas a restabelecer o equilíbrio fisiológico2 entre os circuitos "stop" e "go" nos SUDs.
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Fonte: PNAS, publicado em 15 de abril de 2019.