Maior consumo de colesterol ou ovos na dieta associado com maior risco de doença cardiovascular incidente e mortalidade, estudo publicado pelo JAMA
O colesterol1 é um nutriente comum na dieta humana e os ovos são uma fonte importante de colesterol1. A discussão a respeito do colesterol1 na dieta ou o consumo de ovos estarem associados a doenças cardiovasculares2 (DCV) e à mortalidade3 por todas as causas permanece controversa.
Para determinar se de fato há esta associação, foi realizado um estudo publicado pelo periódico The Journal of the American Medical Association (JAMA).
Saiba mais sobre "Colesterol1 do organismo" e "Doenças cardiovasculares2".
Os dados individuais dos participantes foram agrupados a partir de 6 coortes prospectivas dos EUA usando dados coletados entre 25 de março de 1985 e 31 de agosto de 2016. Os dados da dieta autorreferidos foram harmonizados usando um protocolo padronizado.
Foram analisados o colesterol1 na dieta (mg/dia) e/ou o consumo de ovos (número/dia) para avaliar a razão de riscos (HR) e a diferença de risco absoluto (ARD), durante todo o acompanhamento, para DCV incidente4 (composto por doença coronariana5 fatal e não fatal, acidente vascular cerebral6, insuficiência cardíaca7 e outras mortes por DCV) e mortalidade3 por todas as causas, realizando os ajustes para fatores demográficos, socioeconômicos e comportamentais.
A análise incluiu 29.615 participantes (média [SD] idade, 51,6 [13,5] anos no início do estudo), dos quais 13.299 (44,9%) eram homens e 9.204 (31,1%) eram negros. Durante um acompanhamento médio de 17,5 anos (intervalo interquartílico, 13,0-21,7; máximo, 31,3), houve 5.400 eventos de DCV incidente4 e 6.132 mortes por todas as causas.
As associações de colesterol1 na dieta ou consumo de ovos com DCV incidente4 e mortalidade3 por todas as causas foram monótonas (todos os valores de P para termos não-lineares, 0,19 a 0,83). Cada 300 mg adicionais de colesterol1 consumido por dia foi significativamente associado com maior risco de DCV incidente4 (HR ajustada, 1,17 [IC 95%, 1,09-1,26]; ARD ajustada, 3,24% [IC 95%, 1,39%-5,08%]) e mortalidade3 por todas as causas (HR ajustada, 1,18 [IC 95%, 1,10-1,26]; ARD ajustada, 4,43% [IC 95%, 2,51%-6,36%]).
Cada metade adicional de ovo8 consumido por dia foi significativamente associada a maior risco de DCV incidente4 (HR ajustada, 1,06 [IC 95%, 1,03-1,10]; ARD ajustada, 1,11% [IC 95%, 0,32% -1,89%]) e mortalidade3 por todas as causas (HR ajustada, 1,08 [IC 95%, 1,04-1,11]; ARD ajustada, 1,93% [IC 95%, 1,10% -2,76%]).
As associações entre consumo de ovos e DCV incidente4 (HR ajustada, 0,99 [IC 95%, 0,93-1,05]; ARD ajustada, −0,47% [IC 95%, −1,83% a 0,88%]) e mortalidade3 por todas as causas (HR ajustada, 1,03 [IC 95%, 0,97-1,09]; ARD ajustada, 0,71% [IC 95%, -0,85% a 2,28%] não foram mais significativas após o ajuste para o consumo de colesterol1 na dieta.
Concluiu-se com esse estudo que, entre os adultos dos EUA, o maior consumo de colesterol1 ou ovos na dieta foi significativamente associado com maior risco de doença cardiovascular incidente4 e mortalidade3 por todas as causas, de maneira dose-resposta. Esses resultados devem ser considerados no desenvolvimento de diretrizes e atualizações dietéticas.
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Fonte: JAMA, Vol 321, número 11, em 19 de março de 2019.