L-glutamina na crise de dor da anemia falciforme, ensaio clínico publicado pelo The New England Journal of Medicine (NEJM)
O estresse oxidativo contribui para a complexa fisiopatologia1 da doença falciforme. A terapia oral com L-glutamina de grau farmacêutico (USAN, glutamina) mostrou aumentar a proporção da forma reduzida de nicotinamida adenina dinucleotídeo em eritrócitos2 falciformes, o que provavelmente reduz o estresse oxidativo e pode resultar em menos episódios de dor na doença falciforme.
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Em um ensaio multicêntrico, aleatorizado, controlado por placebo4, em dupla ocultação, na fase 3, testou-se a eficácia da L-glutamina de grau farmacêutico (0,3 g por quilograma de peso corporal por dose) administrada duas vezes por dia, por via oral, em comparação com placebo4, na redução da incidência5 de crises de dor entre pacientes com anemia falciforme3 ou talassemia6 falciforme e uma história de duas ou mais crises de dor no ano anterior. Os pacientes que estavam recebendo hidroxiureia em uma dose que permaneceu estável por pelo menos 3 meses antes da triagem continuaram a terapia durante o período de tratamento de 48 semanas.
Um total de 230 pacientes (faixa etária de 5 a 58 anos; 53,9% mulheres) foram aleatoriamente designados, em uma proporção de 2:1, para receber L-glutamina (152 pacientes) ou placebo4 (78 pacientes). Os pacientes no grupo da L-glutamina tiveram significativamente menos crises de dor do que aqueles no grupo placebo4 (P=0,005), com uma mediana de 3,0 no grupo da L-glutamina e 4,0 no grupo do placebo4. Menos hospitalizações ocorreram no grupo da L-glutamina do que no grupo placebo4 (P=0,005), com uma mediana de 2,0 no grupo de L-glutamina e 3,0 no grupo de placebo4. Dois terços dos pacientes em ambos os grupos experimentais receberam hidroxiureia concomitante. Náusea7 de baixo grau, dor torácica não cardíaca, fadiga8 e dor musculoesquelética ocorreram com maior frequência no grupo da L-glutamina do que no grupo placebo4.
Concluiu-se que, entre crianças e adultos com anemia falciforme3, o número mediano de crises de dor ao longo de 48 semanas foi menor entre aqueles que receberam terapia oral com L-glutamina, administrada isoladamente ou com hidroxiureia, do que entre aqueles que receberam placebo4, com ou sem hidroxiureia.
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Fonte: The New England Journal of Medicine (NEJM), em 19 de julho de 2018