Drogas antitireoidianas e malformações congênitas: um estudo coreano publicado no Annals of Internal Medicine
A doença de Graves não tratada ou insuficientemente tratada na gravidez1 pode representar riscos tanto para a mãe como para o feto2. Os fármacos antitireoidianos (ATDs) são o suporte do tratamento, mas o potencial efeito teratogênico3 desses medicamentos levou os clínicos a questionarem o gerenciamento seguro dessa população vulnerável.
Com o objetivo de examinar a associação entre prescrições maternas de ATDs e malformações4 congênitas5 em partos vivos, foi realizado um estudo de coorte6 coreana, com informações disponíveis no banco de dados Korean National Health Insurance.
Foram avaliadas quase 3 milhões de gravidezes completas, com bebês7 nascidos vivos, entre 2008 e 2014. As intervenções estudadas foram as prescrições maternas de ATDs no primeiro trimestre da gestação e foi avaliado o risco de malformações4 congênitas5 globais e de órgãos específicos na prole, com modelos de regressão logística usados para controlar possíveis fatores de confusão.
Os resultados mostram que 12.891 gravidezes (0,45%) foram expostas aos ATDs durante o primeiro trimestre. A prevalência8 de malformações4 em descendentes expostos foi de 7,27%, em comparação com 5,94% na prole de mulheres que não receberam ATD durante a gravidez1 (P<0,001) (odds ratio ajustado de 1,19 [IC 95% 1,12 a 1,28]). Os aumentos absolutos da prevalência8 de malformações4 congênitas5 por 1000 nascidos vivos foram de 8,81 casos (IC 95% 3,92 a 13,70 casos) para o uso de propiltiouracil sozinho; 17,05 casos (IC 95% 1,94 a 32,15 casos) para o uso de metimazol (MMI) sozinho e 16,53 casos (IC 95% 4,73 a 28,32 casos) para propiltiouracil e MMI, em comparação com gestações sem prescrição de ATD. No grupo MMI, uma alta dose cumulativa (>495 mg) durante o primeiro trimestre foi associada a um risco aumentado de malformações4 em comparação com uma dose baixa (1 a 126 mg) (odds ratio ajustado de 1,87 [IC, 1,06 a 3,30]).
Concluiu-se que a exposição aos ATD durante o primeiro trimestre da gravidez1 foi associada a um aumento do risco de malformações4 congênitas5, especialmente nas gestações em que as mulheres receberam prescrições de MMI ou de ambos os ATDs (metimazol + propiltiouracil).
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Fonte: Annals of Internal Medicine, em 23 de janeiro de 2018