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Óleo de coco pode não ser tão benéfico quanto se pensa, segundo artigo publicado pela American Heart Association

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A doença cardiovascular (DCV) é a principal causa global de morte, representando 17,3 milhões de mortes por ano. O tratamento preventivo1 que reduz a DCV mesmo por uma pequena porcentagem pode reduzir substancialmente, a nível nacional e global, o número de pessoas que desenvolvem DCV e os custos de atendê-las.

Em relatório recente da American Heart Association, sobre gorduras alimentares e DCV, são feitas recomendações com base em análise e discussão de evidências científicas, incluindo os estudos mais recentes sobre os efeitos da ingestão dietética de gorduras saturadas2 e sua substituição por outros tipos de gorduras e carboidratos na DCV.

O relatório apresentou novas descobertas sobre o óleo de coco.

Uma pesquisa recente informou que 72% do público americano classificou o óleo de coco como um "alimento saudável" em comparação com 37% dos nutricionistas. Esta diferença entre opinião leiga e especialista pode ser atribuída à publicidade do óleo de coco na imprensa popular.

O perfil de ácidos graxos do óleo de coco é 82% saturado, cerca de metade sendo ácido láurico e os demais sendo ácidos graxos mirístico, palmítico, esteárico e de cadeia curta. O ácido láurico substituindo os carboidratos causa aumento do colesterol3 LDL4 em cerca de metade do que causam os ácidos mirístico e palmítico. O ácido láurico aumenta o colesterol3 HDL5 tanto quanto o mirístico, mas mais do que o ácido palmítico.

Saiba mais sobre "Alimentação saudável", "Colesterol3 LDL4" e "Colesterol3 HDL5".

O resultado prático de aumentar o ácido láurico e diminuir os carboidratos é uma ligeira redução na proporção de colesterol3 LDL4 para colesterol3 HDL5. No entanto, as mudanças no colesterol3 HDL5 causadas pela dieta ou tratamentos medicamentosos não podem mais ser diretamente ligadas a mudanças na DCV e, portanto, o efeito de aumento no colesterol3 LDL4 deve ser considerado isoladamente. Além disso, no que diz respeito à DCV, a comparação informativa é entre óleo de coco e óleos vegetais com alto teor de gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas.

Um experimento cuidadosamente controlado comparou os efeitos do óleo de coco, manteiga e óleo de cártamo fornecendo ácido linoleico poli-insaturado. Tanto a manteiga como o óleo de coco aumentaram o colesterol3 LDL4 em comparação com o óleo de cártamo, a manteiga mais do que o óleo de coco, conforme previsto pela análise de meta-regressão de ácidos graxos saturados dietéticos individuais.

Outro experimento cuidadosamente controlado descobriu que o óleo de coco aumentou significativamente o colesterol3 LDL4 em comparação com o azeite. Uma revisão sistemática recente encontrou 7 ensaios controlados, incluindo os 2 mencionados, que compararam o óleo de coco com óleos monoinsaturados ou poli-insaturados. O óleo de coco aumentou o colesterol3 LDL4 em todos esses 7 ensaios, em 6 deles o aumento foi significativo.

Os autores também observaram que os 7 ensaios não encontraram diferença na elevação do colesterol3 LDL4 entre o óleo de coco e outros óleos com alto teor de gorduras saturadas2, como manteiga, gordura6 de vaca ou óleo de palma.

Não foram relatados ensaios clínicos7 que compararam efeitos diretos sobre a DCV do consumo de óleo de coco e outros óleos. No entanto, como o óleo de coco aumenta o colesterol3 LDL4, uma causa de DCV, e não tem efeitos favoráveis compensatórios conhecidos, a American Heart Association aconselha contra o uso de óleo de coco.

Leia também: "Sete passos para um coração8 saudável" e "Como reduzir seu colesterol3".

 

Fonte: Circulation, publicação online de 15 de junho de 2017.

 

NEWS.MED.BR, 2017. Óleo de coco pode não ser tão benéfico quanto se pensa, segundo artigo publicado pela American Heart Association. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1299418/oleo-de-coco-pode-nao-ser-tao-benefico-quanto-se-pensa-segundo-artigo-publicado-pela-american-heart-association.htm>. Acesso em: 20 abr. 2024.

Complementos

1 Preventivo: 1. Aquilo que previne ou que é executado por medida de segurança; profilático. 2. Na medicina, é qualquer exame ou grupo de exames que têm por objetivo descobrir precocemente lesão suscetível de evolução ameaçadora da vida, como as lesões malignas. 3. Em ginecologia, é o exame ou conjunto de exames que visa surpreender a presença de lesão potencialmente maligna, ou maligna em estágio inicial, especialmente do colo do útero.
2 Gorduras saturadas: Elas são encontradas principalmente em produtos de origem animal. Em temperatura ambiente, apresentam-se em estado sólido. Estão nas carnes vermelhas e brancas (principalmente gordura da carne e pele das aves e peixes), leite e seus derivados integrais (manteiga, creme de leite, iogurte, nata) e azeite de dendê.
3 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
4 LDL: Lipoproteína de baixa densidade, encarregada de transportar colesterol através do sangue. Devido à sua tendência em depositar o colesterol nas paredes arteriais e a produzir aterosclerose, tem sido denominada “mau colesterol“.
5 HDL: Abreviatura utilizada para denominar um tipo de proteína encarregada de transportar o colesterol sanguíneo, que se relaciona com menor risco cardiovascular. Também é conhecido como “Bom Colesterolâ€. Seus valores normais são de 35-50mg/dl.
6 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
7 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
8 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
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