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Terapia hormonal da tireoide para idosos com hipotireoidismo subclínico não mostra benefícios aparentes em estudo publicado pelo NEJM

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O uso de levotiroxina1 para tratar o hipotireoidismo2 subclínico é controverso. Em estudo publicado pelo periódico The New England Journal of Medicine (NEJM), pretendeu-se determinar se a levotiroxina1 proporcionou benefícios clínicos para pessoas idosas com esta condição.

Saiba mais sobre o "Hipotireoidismo2 subclínico".

Realizou-se um estudo duplo-cego3, randomizado4, controlado com placebo5, em grupo paralelo, envolvendo 737 adultos com pelo menos 65 anos de idade e com hipotireoidismo2 subclínico persistente (nível de tirotropina de 4,60 a 19,99 mIU por litro; nível de tiroxina livre no intervalo de referência). Um total de 368 pacientes foram designados a receber levotiroxina1 (com uma dose inicial de 50 μg por dia, ou 25 μg se o peso corporal fosse <50 kg ou o doente tivesse doença coronária), com ajuste da dose de acordo com o nível de tirotropina; 369 doentes foram designados a receber placebo5 com simulações de ajuste da dose.

Os dois resultados primários foram a alteração no escore Hypothyroid Symptoms e no escore Tiredness, em um questionário de qualidade de vida relacionado à tireoide6 em 1 ano (o intervalo de cada escala é de 0 a 100, com escores maiores indicando mais sintomas7 ou cansaço, respectivamente; diferença mínima clinicamente importante, 9 pontos).

A média de idade dos pacientes foi de 74,4 anos e 396 pacientes (53,7%) eram mulheres. O nível médio (± DP) de tirotropina foi de 6,40 ± 2,01 mIU por litro na linha de base. Em 1 ano, este nível tinha diminuído para 5,48 mIU por litro no grupo placebo5, em comparação com 3,63 mIU por litro no grupo da levotiroxina1 (P<0,001), com uma dose média de 50 μg. Não foram encontradas diferenças na variação média de 1 ano no escore Hypothyroid Symptoms (0,2 ± 15,3 no grupo placebo5 e 0,2 ± 14,4 no grupo da levotiroxina1, diferença entre os grupos, 0,0; intervalo de confiança [IC] de 95% -2,0 a 2,1) ou no escore Tiredness (3,2 ± 17,7 e 3,8 ± 18,4, respectivamente; diferença entre grupos 0,4; IC 95% -2,1 a 2,9). Não foram observados efeitos benéficos da levotiroxina1 nas medidas de desfecho secundário. Não houve excesso significativo de eventos adversos graves previamente especificados como sendo de interesse especial.

Neste trabalho, concluiu-se que a levotiroxina1 não proporcionou benefícios aparentes em pessoas idosas com hipotireoidismo2 subclínico.

Leia também sobre "Hipotireoidismo2", "Diagnóstico8 e tratamento do hipotireoidismo2" e "Tireoidite de Hashimoto".

 

Fonte: The New England Journal of Medicine, de 3 de abril de 2017

 

NEWS.MED.BR, 2017. Terapia hormonal da tireoide para idosos com hipotireoidismo subclínico não mostra benefícios aparentes em estudo publicado pelo NEJM. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1294598/terapia-hormonal-da-tireoide-para-idosos-com-hipotireoidismo-subclinico-nao-mostra-beneficios-aparentes-em-estudo-publicado-pelo-nejm.htm>. Acesso em: 19 mar. 2024.

Complementos

1 Levotiroxina: Levotiroxina sódica ou L-tiroxina (T4) é um hormônio sintético usado no tratamento de reposição hormonal quando há déficit de produção de tiroxina (T4) pela glândula tireoide.
2 Hipotireoidismo: Distúrbio caracterizado por uma diminuição da atividade ou concentração dos hormônios tireoidianos. Manifesta-se por engrossamento da voz, aumento de peso, diminuição da atividade, depressão.
3 Estudo duplo-cego: Denominamos um estudo clínico “duplo cego†quando tanto voluntários quanto pesquisadores desconhecem a qual grupo de tratamento do estudo os voluntários foram designados. Denominamos um estudo clínico de “simples cego†quando apenas os voluntários desconhecem o grupo ao qual pertencem no estudo.
4 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
5 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
6 Tireoide: Glândula endócrina altamente vascularizada, constituída por dois lobos (um em cada lado da TRAQUÉIA) unidos por um feixe de tecido delgado. Secreta os HORMÔNIOS TIREOIDIANOS (produzidos pelas células foliculares) e CALCITONINA (produzida pelas células para-foliculares), que regulam o metabolismo e o nível de CÁLCIO no sangue, respectivamente.
7 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
8 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
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