Tratamento antimicrobiano reduzido para otite média aguda em crianças pequenas não mostrou vantagens em estudo publicado pelo NEJM
Limitar a duração do tratamento antimicrobiano constitui uma estratégia potencial para reduzir o risco de resistência antimicrobiana em crianças com otite1 média aguda.
Foram atribuídas 520 crianças, com idades entre 6 e 23 meses com otite média2 aguda para receber amoxicilina com clavulanato, por um período padrão de 10 dias ou por uma duração reduzida de 5 dias, seguida de placebo3 por 5 dias. Mediu-se as taxas de resposta clínica (de forma sistemática, com base na resposta dos sinais4 e sintomas5), recorrência6 e colonização nasofaríngea e analisou-se os desfechos dos episódios utilizando uma abordagem não-inferior. Os escores dos sintomas5 variaram de 0 a 14, com números mais altos indicando sintomas5 mais graves.
As crianças tratadas com amoxicilina com clavulanato durante 5 dias apresentaram maior probabilidade do que aquelas que foram tratadas por 10 dias de ter falha clínica (77 de 229 crianças [34%] versus 39 de 238 [16%], diferença de 17 pontos percentuais [Baseado em dados não arredondados], intervalo de confiança de 95% de 9 a 25).
Os escores médios dos sintomas5 ao longo do período do 6° ao 14° dias foram de 1,61 no grupo de 5 dias e de 1,34 no grupo de 10 dias (P=0,07). Os escores médios na avaliação do 12° ao 14° dias foram 1,89 versus 1,20 (P=0,001). A porcentagem de crianças com escores de sintomas5 que reduziram mais de 50% (indicando sintomas5 menos graves), desde o início até o final do tratamento, foi menor no grupo de 5 dias do que no grupo de 10 dias (181 de 227 crianças [80%] vs 211 de 233 [91%], P=0,003).
Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos nas taxas de recorrência6, eventos adversos ou colonização nasofaríngea com patógenos não-sensíveis à penicilina. As taxas de falência clínica foram maiores entre as crianças que foram expostas a três ou mais crianças por 10 ou mais horas por semana do que aquelas com menor exposição (P=0,02) e também maiores entre crianças com infecção7 em ambos os ouvidos do que entre aquelas com infecção7 em apenas um ouvido (P<0,001).
Entre crianças de 6 a 23 meses de idade, com otite média2 aguda, o tratamento antimicrobiano de duração reduzida resultou em resultados menos favoráveis do que o tratamento de duração padrão. Além disso, nem a taxa de eventos adversos nem a taxa de emergência8 da resistência antimicrobiana foram menores com o regime mais curto.
Consulte também os textos sobre "Otites9", "Perfuração do tímpano10", "Timpanoplastia", "Miringotomia" e "Zumbido no ouvido11 ou tinnitus12".
Fonte: The New England Journal of Medicine, em 22 de dezembro de 2016