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Usuários de maconha têm baixo fluxo sanguíneo no hipocampo, centro da memória e da aprendizagem

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Novo estudo de imagem cerebral em grande escala, publicado pelo periódico Journal of Alzheimer’s Disease (JAD), dá razão para termos cautela em legalizar a maconha para uso medicinal e recreativo. Pesquisadores que utilizam a tomografia computadorizada1 de emissão de fóton único (SPECT), um sofisticado estudo de imagem que avalia o fluxo sanguíneo e os padrões de atividade cerebral, observaram fluxo sanguíneo anormalmente baixo em praticamente todas as áreas do cérebro2 em quase mil usuários de maconha em comparação com controles saudáveis, incluindo áreas conhecidas por serem afetadas pela doença de Alzheimer3, como o hipocampo4.

Todos os dados foram obtidos para análise a partir de uma grande base de dados de vários locais, envolvendo 26.268 pacientes que fizeram avaliação em uma das nove clínicas ambulatoriais neuropsiquiátricas nos Estados Unidos (Newport Beach, Costa Mesa, Fairfield e Brisbane, CA Tacoma E Bellevue, WA, Reston, VA, Atlanta, GA e Nova York, NY) entre 1995 e 2015. Destes, 982 usuários atuais e anteriores de maconha fizeram SPECT cerebral em repouso e durante uma tarefa de concentração mental comparados com quase 100 controles saudáveis. A análise preditiva com análise discriminante foi feita para determinar se o SPECT das regiões cerebrais pode distinguir os cérebros de usuários de maconha dos cérebros de controles. O baixo fluxo sanguíneo no hipocampo4 em usuários de maconha distinguiu confiavelmente os usuários de maconha dos controles. O hipocampo4 direito, durante uma tarefa de concentração, foi a única região mais preditiva em distinguir usuários de maconha de seus homólogos não usuários. Acredita-se que o uso de maconha interfira na formação de memória, inibindo a atividade nesta parte do cérebro2.

De acordo com uma das coautoras no estudo, Elisabeth Jorandby, médica que rotineiramente atende usuários de maconha, o que impressiona não é apenas a redução global do fluxo sanguíneo no cérebro2 nos usuários de maconha, mas que o hipocampo4 seja a região mais afetada – área que tem importante papel na memória e na doença de Alzheimer3. A pesquisa provou que os usuários de maconha têm menor fluxo sanguíneo cerebral do que os não usuários. Em segundo lugar, a região mais preditiva que separa estes dois grupos é o baixo fluxo sanguíneo no hipocampo4 durante imagens feitas por SPECT cerebral. Este trabalho sugere que o uso de maconha tem influências prejudiciais ao cérebro2 – particularmente em regiões importantes de memória e aprendizagem e em uma região conhecida por ser afetada pela doença de Alzheimer3.

O Dr. George Perry, editor chefe do Journal of Alzheimer5's Disease, disse: "O uso livre da maconha, através da legalização, revelará a vasta gama de benefícios da maconha e as ameaças à saúde6 humana. Este estudo indica efeitos preocupantes sobre o hipocampo4 que podem ser os precursores de danos cerebrais."

De acordo com Daniel Amen, MD, fundador da Amen Clinics, "Nossa pesquisa demonstra que a maconha pode ter efeitos negativos significativos sobre a função cerebral. A mídia tem dado a impressão geral de que a maconha é uma droga recreativa segura, esta pesquisa desafia diretamente essa noção. Em outro estudo recentemente publicado, os pesquisadores mostraram que o consumo de maconha triplicou o risco de psicose7. Cuidados são necessários."

Leia mais sobre "Maconha", "Mal de Alzheimer5", "Perda de memória" e "Psicose7 reativa".

 

Fonte: Journal of Alzheimer’s Disease (JAD), em 27 de novembro de 2016

 

NEWS.MED.BR, 2016. Usuários de maconha têm baixo fluxo sanguíneo no hipocampo, centro da memória e da aprendizagem. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1282193/usuarios-de-maconha-tem-baixo-fluxo-sanguineo-no-hipocampo-centro-da-memoria-e-da-aprendizagem.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
2 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
3 Doença de Alzheimer: É uma doença progressiva, de causa e tratamentos ainda desconhecidos que acomete preferencialmente as pessoas idosas. É uma forma de demência. No início há pequenos esquecimentos, vistos pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento, que se vão agravando gradualmente. Os pacientes tornam-se confusos e por vezes agressivos, passando a apresentar alterações da personalidade, com distúrbios de conduta e acabam por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colocados frente a um espelho. Tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação inviabiliza-se e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para as atividades elementares como alimentação, higiene, vestuário, etc..
4 Hipocampo: Elevação curva da substância cinzenta, que se estende ao longo de todo o assoalho no corno temporal do ventrículo lateral (Tradução livre de Córtex Entorrinal; Via Perfurante;
5 Alzheimer: Doença degenerativa crônica que produz uma deterioração insidiosa e progressiva das funções intelectuais superiores. É uma das causas mais freqüentes de demência. Geralmente começa a partir dos 50 anos de idade e tem incidência similar entre homens e mulheres.
6 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
7 Psicose: Grupo de doenças psiquiátricas caracterizadas pela incapacidade de avaliar corretamente a realidade. A pessoa psicótica reestrutura sua concepção de realidade em torno de uma idéia delirante, sem ter consciência de sua doença.
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