Polimialgia reumática e arterite de células gigantes: resumo das evidências atuais para diagnóstico e tratamento
A polimialgia reumática (PMR) e a arterite de células gigantes1 (ACG) são distúrbios inflamatórios relacionados que ocorrem em pessoas com 50 anos ou mais. As abordagens diagnósticas e terapêuticas são heterogêneas na prática clínica.
Com o objetivo de resumir as evidências atuais sobre os métodos ideais para diagnosticar e tratar a PMR e a ACG, foi realizada uma revisão sistemática, divulgada pelo The Journal of the American Medical Associatin (JAMA).
Dados da Medline, Embase e Cochrane foram pesquisados até 30 de março de 2016. A triagem por dois autores resultou em 6626 resumos, dos quais 50 artigos preencheram os critérios de inclusão. A qualidade dos estudos foi avaliada pela ferramenta Quality Assessment of Diagnostic Accuracy Studies (QUADAS-2) ou pela metodologia da American College of Cardiology Foundation / American Heart Association.
20 ensaios clínicos2 randomizados para a terapia (n=1016) e 30 estudos de imagem para diagnóstico3 e/ou avaliação da resposta à terapia (n=2080 participantes) foram incluídos. O diagnóstico3 de PMR é baseado em características clínicas, como dor bilateral nos ombros de início recente, incluindo bursite4 subdeltoidea, rigidez muscular ou articular e comprometimento funcional. Dor de cabeça5 e distúrbios visuais incluindo perda de visão6 são característicos da ACG. Os sintomas7 constitucionais e a elevação de marcadores inflamatórios (>90%) são comuns em ambas as doenças.
A ultrassonografia8 permite a detecção da bursite4 subdeltoidea bilateral em 69% dos pacientes com PMR. Na ACG, a biópsia9 da artéria10 temporal continua sendo o padrão para o diagnóstico3 definitivo. Ultrassonografia8 e ressonância magnética11 (RNM) de grandes vasos que revelam espessamento da parede induzido por inflamação12 apoiam o diagnóstico3 de ACG (especificidade de 78% a 100% para ultrassonografia8 e 73% a 97% para RNM).
Os glicocorticoides permanecem o tratamento de primeira escolha, mas a dose inicial ideal e os regimes de redução de dose são desconhecidos. De acordo com as recomendações consensuais, a terapia inicial para PMR é com prednisona, 12,5 a 25 mg/dia ou equivalente, e 40 a 60 mg/dia para a ACG, seguida por regimes de redução de dose individualizados em ambas as doenças. O metotrexato adjuvante pode reduzir a dose de glicocorticoides acumulados de 20% a 44% e as recaídas em 36% a 54% em ambas as condições. A utilização de tocilizumabe como tratamento adicional à prednisona mostrou um aumento de duas a quatro vezes nas taxas de remissão da ACG em um ensaio clínico randomizado13 (n=30).
Concluiu-se que o diagnóstico3 de PMR/ACG é feito pelas características clínicas e pela elevação de marcadores inflamatórios. Na PMR, a ultrassonografia8 pode melhorar a precisão do diagnóstico3. Na ACG, a biópsia9 da artéria10 temporal pode não ser necessária em pacientes com características típicas da doença acompanhadas por ultrassonografia8 ou resultados de RNM característicos.
Recomendações consensuais sugerem os glicocorticoides como a terapia mais eficaz para PMR e ACG. O metotrexato pode ser adicionado ao glicocorticoide em pacientes em risco de recaída, naqueles com efeitos adversos relacionados ao uso de glicocorticoides ou necessidade de terapia prolongada com este tipo de medicação.
Fonte: The Journal of the American Medical Associatin (JAMA), volume 315, número 22, de 14 de junho de 2016