Peptídeo β-amiloide pode ter papel prejudicial, mas também protetor na doença de Alzheimer
O peptídeo β-amiloide (Ap) é uma proteína chave na patologia1 da doença de Alzheimer2 (DA). Já foi relatado anteriormente evidências in vitro sugerindo que o Ap é um peptídeo antimicrobiano. No presente trabalho, publicado pela revista Science Translational Medicine, foram apresentados dados in vivo que mostram que a expressão Ap protege contra infecções3 fúngicas4 e bacterianas em ratos, nematódeos e modelos de cultura de células5 da DA.
Os cientistas mostraram que a formação de placas6 que causam a disfunção sináptica na doença de Alzheimer2 é feita pela oligomerização do peptídeo beta-amiloide, um comportamento tradicionalmente visto como patológico, mas que pode ser necessário para que aconteça a atividade antimicrobiana do peptídeo. De acordo com o modelo apresentado, a infecção7 bacteriana dos cérebros de ratinhos transgênicos 5XFAD por Salmonella typhimurium resultou em semeadura rápida e deposição acelerada de placas6 β-amiloides, que se localizaram próximas às bactérias invasoras.
As novas descobertas levantam a possibilidade intrigante de que o peptídeo β-amiloide possa desempenhar um papel protetor na imunidade8 inata e nos estímulos inflamatórios estéreis ou infecciosos que podem conduzir à amiloidose9, o que sugere um duplo papel prejudicial/protetor do peptídeo β-amiloide, tal como foi descrito para outros peptídeos antimicrobianos.
Fonte: Science Translational Medicine, volume 8, número 340, de 25 de maio de 2016