University of Cambridge: maior tempo em TV, internet e jogos de computador associado a piores desempenhos acadêmicos de adolescentes britânicos
Cada hora extra por dia gasta assistindo TV, usando a internet ou jogando no computador foi associada a piores desempenhos no General Certificate of Secondary Education1 (GCSE2), aos 16 anos, de acordo com pesquisa da Universidade de Cambridge.
Em um estudo, publicado na revista International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, pesquisadores britânicos também descobriram que os alunos que fazem uma hora extra de lição de casa e de leitura por prazer diariamente têm um desempenho significativamente melhor do que seus pares. No entanto, neste estudo, o nível de atividade física da criança não teve nenhum efeito sobre o desempenho acadêmico, diferente do que já foi mostrado anteriormente em outras pesquisas.
A ligação entre atividade física e saúde3 está bem estabelecida, mas a sua ligação com o rendimento escolar ainda não está bem compreendida. Da mesma forma, apesar de maiores níveis de comportamento sedentário, por exemplo, assistindo TV ou lendo, serem associados a pior saúde3 física, sua conexão com o desempenho acadêmico também não é clara.
Para avaliar a relação entre atividade física, comportamento sedentário e desempenho acadêmico de adolescentes britânicos, uma equipe de pesquisadores, liderada pelo Medical Research Council (MRC) da Unidade de Epidemiologia da Universidade de Cambridge, estudou 845 alunos de escolas secundárias, em Cambridgeshire e Suffolk, medindo níveis de atividade física e de comportamento sedentário na idade de 14,5 anos e, em seguida, comparando estes resultados com o desempenho apresentado por esses adolescentes em seus GCSE2s no ano seguinte. Estes dados foram obtidos do ROOTS, um grande estudo longitudinal para avaliar a saúde3 e o bem-estar durante a adolescência, liderado pelo professor Ian Goodyer, da Developmental Psychiatry Section, no Departamento de Psiquiatria da Universidade de Cambridge.
Os pesquisadores mediram níveis objetivos de atividade e tempo gasto sentado através de uma combinação de frequência cardíaca e detecção de movimento. Além disso, eles usaram medidas de autorrelato para avaliar o tempo de tela (tempo gasto assistindo TV, usando a internet e em jogos de computador) e tempo gasto fazendo lição de casa e leitura por prazer.
A equipe descobriu que o tempo de tela foi associado ao total de pontos obtidos no GCSE2. Cada hora adicional por dia de tempo gasto em frente à TV ou online, na idade de 14,5 anos, foi associada com 9,3 pontos a menos no GCSE2 na idade de 16 anos - o equivalente a dois graus em um assunto (por exemplo, de um B para um D) ou um grau em cada um de dois assuntos, por exemplo. Duas horas extras foram associadas a 18 pontos a menos no GCSE2.
Tempo de tela e tempo de leitura ou fazendo lição de casa foram independentemente associados ao desempenho acadêmico, o que sugere que, mesmo que os participantes fizessem muitas leituras e tarefas de casa, assistir TV ou ficar em atividades online ainda assim prejudicavam o seu desempenho acadêmico.
Os pesquisadores não encontraram nenhuma associação significativa entre atividades físicas moderadas a vigorosas e desempenho acadêmico, embora isto contradiga um estudo recente que mostrou um efeito benéfico delas em algumas disciplinas acadêmicas. No entanto, ambos os estudos concluem que o envolvimento em atividades físicas não danifica o desempenho acadêmico do aluno. Dados os benefícios sociais e para a saúde3 em geral das atividades físicas, os pesquisadores argumentam que elas continuam sendo uma prioridade de saúde3 pública, tanto dentro como fora da escola.
Além do tempo total de tela, foram analisados também o tempo gasto em diferentes atividades que envolvem exposição a telas. Embora todas as atividades avaliadas, tais como assistir TV, jogar jogos de computador ou estar online, tenham sido associadas a graus mais pobres de desempenho acadêmico, ver TV foi o mais prejudicial.
Como este foi um estudo prospectivo4 - em outras palavras, os pesquisadores acompanharam os alunos ao longo do tempo para determinar como diferentes comportamentos afetam seu desempenho acadêmico - os pesquisadores acreditam que podem, com alguma cautela, inferir que o aumento do tempo de tela levou a um pior desempenho acadêmico. Mais pesquisas são necessárias para confirmar este efeito de forma conclusiva, mas os pais que estão preocupados com o grau GCSE2 de seu filho podem considerar limitar o seu tempo na tela.
Sem surpresa, os pesquisadores descobriram que os adolescentes que passavam o tempo sedentário fazendo lição de casa ou leitura pontuaram melhor no GCSE2: os alunos que fazem uma hora extra de lição de casa diária e leitura alcançaram, em média, 23,1 pontos a mais no GCSE2 do que seus pares. No entanto, alunos que fazem mais de quatro horas de leitura ou trabalho de casa diariamente têm desempenho pior que seus pares - o número de alunos nesta categoria foi relativamente baixo (apenas 52 participantes) e pode incluir participantes com dificuldades escolares e, portanto, fazem muita lição de casa, mas infelizmente executam mal seus testes.
A pesquisa foi apoiada principalmente pelo MRC e pela UK Clinical Research Collaboration.