CMAJ: sulfametoxazol-trimetoprim aumenta o risco de hipercalemia e morte súbita quando associado à espironolactona
O antibiótico sulfametoxazol-trimetoprim aumenta o risco de hipercalemia1 quando usado com a espironolactona. Estudo publicado pelo Canadian Medical Association Journal (CMAJ) avaliou se esta combinação de drogas está associada ao maior risco de morte súbita, uma consequência da hipercalemia1 grave.
Foi realizado um estudo caso-controle, de base populacional, envolvendo residentes de Ontário com 66 anos ou mais, que receberam espironolactona entre 1° de abril de 1994 e 31 de dezembro de 2011. Dentro deste grupo, foram identificados casos de pacientes que morreram de morte súbita dentro de 14 dias depois de receber uma prescrição de sulfametoxazol-trimetoprim ou um dos outros antibióticos estudados (amoxicilina, ciprofloxacina, norfloxacina e nitrofurantoína). Para cada caso, foram identificados até quatro controles, pareados por idade e sexo. Foi determinada razão de possibilidades (Odds ratio ou OR) para a associação entre a morte súbita e a exposição a cada antibiótico em relação à amoxicilina, ajustado para preditores de morte súbita, utilizando um índice de risco de doença.
Dos 11.968 pacientes que morreram de morte súbita enquanto recebiam espironolactona, foram identificados 328 cuja morte ocorreu no prazo de 14 dias após a exposição aos antibióticos.
Em comparação com a amoxicilina, o uso de sulfametoxazol-trimetoprim foi associado a um aumento de mais do dobro do risco de morte súbita (OR ajustado 2,46; intervalo de confiança de 95% [IC 95%] 1,55-3,90). Ciprofloxacina (OR ajustado 1,55; IC 95% 1,02-2,38) e nitrofurantoína (OR ajustado 1,70; IC 95% 1,03-2,79) também foram associados a um risco aumentado de morte súbita, embora o risco com a nitrofurantoína não tenha sido evidente em uma análise de sensibilidade.
No presente estudo, o antibiótico sulfametoxazol-trimetoprim foi associado a um aumento na risco de morte súbita em pacientes mais velhos tomando espironolactona. Quando clinicamente apropriado, antibióticos alternativos devem ser considerados nestes doentes.
Fonte: Canadian Medical Association Journal (CMAJ), de 2 de fevereiro de 2015