Cesareana só reduz o risco de complicações para a mãe e para o bebê quando existem indicações médicas, segundo pesquisa da OMS publicada no The Lancet
Artigo publicado no periódico The Lancet sobre uma pesquisa global da OMS mostrou que, apesar dos avanços na medicina e do melhor acesso a cuidados obstétricos no mundo, os partos cirúrgicos ainda são mais arriscados para a mãe e para o bebê do que o parto vaginal espontâneo. O objetivo da pesquisa foi estimar as diferenças entre os métodos de parto e examinar a relação entre o método usado e os resultados maternos e perinatais.
O estudo envolveu a análise de 107.950 partos. Em nove países estudados (Camboja, China, Índia, Japão, Nepal, Filipinas, Sri Lanka, Tailândia e Vietnã) o índice de cesareana foi de 27,3% e na China este índice chegou a 46,2%. Com este procedimento cirúrgico, aumentam os riscos de morte materna, morte do recém-nascido, admissão em unidade de terapia intensiva1 (UTI), transfusão2 sanguínea, histerectomia3 ou ligação de artéria4 ilíaca interna (para conter hemorragias5 pélvicas6), comparado ao parto vaginal espontâneo. A despeito destes riscos, nenhuma mãe ou bebê morreu depois deste procedimento antes da alta hospitalar.
Estas informações ainda não foram absorvidas pela cultura popular ou mesmo entre os médicos, e os índices de cesareana alcançam, em alguns países, proporções epidêmicas. A China tem os maiores índices de cesareana sem indicação médica (11,7%). Nos demais locais estudados esta taxa é de 1,9%.
A maioria das cesareanas (15,8% dos nascimentos) são realizadas após o início do trabalho de parto, ao invés de antes dele começar. Este procedimento tardio – eletivos7 (0,5%) e com indicação médica (15,3%) - aumenta os riscos de efeitos adversos, de acordo com os autores.
Segundo Yap-Seng Chong, da National University of Medicine, em Singapura, os resultados devem servir para priorizar estratégias que reduzam intervenções desnecessárias nos nascimentos, indicar corretamente as cesareanas e esclarecer ainda mais sobre os possíveis danos que uma cesárea pode causar.
O tipo mais perigoso de parto foi o parto vaginal com uso de fórceps ou vácuo, mas também foi o mais raro, pois apenas 3,2% dos nascimentos ocorreram por este tipo de intervenção.
As cesareanas só reduzem o risco de complicações para a mãe e para o bebê quando existem indicações médicas como, por exemplo, cesareanas prévias, desproporção céfalo-pélvica8 (quando a cabeça9 do bebê é maior que os diâmetros da pelve10 materna) e sofrimento fetal.
Fonte consultada:
The Lancet