Proteína do carrapato pode inibir crescimento tumoral por sua ação antiangiogênica, segundo pesquisa da UFRJ
Tatiana Lobo e seu orientador, Robson Monteiro, demonstraram, pela primeira vez, a ação antitumoral e antiangiogênica da proteína Ixolaris em tumores cerebrais do tipo glioblastoma. Pela inibição da angiogênese1, processo através do qual as células2 tumorais estimulam a formação dos novos vasos sanguíneos3 necessários para o fornecimento dos nutrientes essenciais para o crescimento acelerado do tumor4, esta proteína tem a capacidade de inibir o crescimento tumoral.
O Ixolaris foi descrito em 2002 por dois brasileiros, José Marcos Ribeiro e Ivo Francischetti, que trabalham em um laboratório do National Institutes of Health (NIH). O Ixolaris é uma proteína identificada na saliva de uma espécie de carrapato, o Ixodes scapularis, e tem uma função já descrita como anticoagulante5. O principal alvo do Ixolaris é uma proteína chamada Fator Tecidual, que é capaz de iniciar as reações de coagulação6 sanguínea. O impacto do presente estudo da UFRJ foi ter identificado que o Ixolaris tem uma capacidade de inibir o crescimento tumoral através do bloqueio da formação de novos vasos no tumor4.
Para realizar parte deste estudo, Tatiana foi para o Instituto de Química da Universidade de São Paulo, onde realizou experimentos no laboratório da pesquisadora Mari Sogayar. Neste, foi possível utilizar um tipo de camundongo imunodeficiente, denominado nude, no qual se pode inocular subcutaneamente uma linhagem humana e gerar um tumor4 primário. Os camundongos inoculados com a linhagem de tumor4 cerebral U87-MG foram tratados com duas doses de Ixolaris por 18 dias. Ao final do tratamento foi observada uma redução de até 80% no tamanho dos tumores. Além disso, estes tumores apresentavam uma dramática diminuição na formação de novos vasos.
Tatiana Lobo realizará novos experimentos no Scripps Research Institute, na Califórnia, com o objetivo de dissecar os mecanismos moleculares de ação do Ixolaris para, no futuro, sabermos se humanos têm ou não os alvos para o Ixolaris, e se responderão ou não à molécula.
Fonte: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)/Instituto de Bioquímica Médica UFRJ