Consumo habitual de álcool associado à redução da qualidade do sêmen e a mudanças nos hormônios reprodutivos; um estudo transversal com jovens dinamarqueses
O objetivo do estudo publicado pelo British Medical Journal (BMJ) foi avaliar as associações entre três medidas de consumo de álcool (recente, típico/habitual e “binging”) e a qualidade do sêmen1 e os hormônios reprodutivos no soro2.
O estudo transversal de base populacional, contou com a participação de 1.221 jovens dinamarqueses, com idades entre 18 e 28 anos, que foram recrutados quando faziam um exame médico obrigatório para determinar a sua aptidão para o serviço militar, de 2008 a 2012. O consumo total de álcool foi dividido em:
- Consumo na semana anterior (habitual/típico) à visita: ingestão recente de álcool.
- Consumo em uma semana típica.
- Frequência de "binge drinking3" (consumo de mais de cinco unidades/dia) foi estimada pelo consumo nos últimos trinta dias.
Os principais desfechos foram a qualidade do sêmen1 (volume, concentração de espermatozoides4, contagem total de espermatozoides4 e as porcentagens de espermatozoides4 móveis e morfologicamente normais) e as concentrações séricas de hormônios reprodutivos (hormônio5 folículo6-estimulante, hormônio5 luteinizante, testosterona, globulina7 ligadora de hormônio5 sexual (SHBG), estradiol, testosterona livre e inibina B).
Os resultados indicam que a concentração de espermatozoides4, a contagem total de espermatozoides4 e a porcentagem de espermatozoides4 morfologicamente normais foram negativamente associadas ao aumento da ingestão habitual de álcool. Esta associação foi observada em homens que relataram o consumo de pelo menos cinco unidades em uma semana típica, mas foi mais pronunciada para os homens com um consumo típico de mais de 25 unidades/semana. Homens com um consumo típico semanal acima de 40 unidades tiveram uma (IC 95% 11% para 59%) redução de 33% na concentração de esperma8 em relação aos homens com uma ingestão de uma a cinco unidades/semana. Foi encontrado um aumento significativo nos níveis de testosterona livre no soro2 com o aumento do consumo de álcool na semana anterior à visita. Binging não foi independentemente associado à qualidade do sêmen1.
As conclusões do estudo sugerem que o consumo habitual de álcool, mesmo modesto, de cinco unidades por semana teve efeitos adversos sobre a qualidade do sêmen1, embora a maioria das associações pronunciadas tenham sido observadas em homens que consumiam mais de 25 unidades por semana. O consumo de álcool também foi associado a mudanças nos níveis de testosterona e SHBG. Os jovens devem ser aconselhados a evitar a ingestão habitual de álcool.
Fonte: British Medical Journal (BMJ), volume 4, número 9, de 2 de outubro de 2014