Influência materna no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal em crianças: um estudo prospectivo dos níveis de cortisol no cabelo
O estresse pode afetar a saúde1 das crianças, podendo persistir na vida adulta. Marcadores biológicos anteriores só avaliaram o estresse momentâneo, o que torna difícil investigar o estresse por períodos mais longos de tempo. A medida dos níveis de cortisol no cabelo2 é um potencial biomarcador de estresse prolongado.
Com o objetivo de investigar as concentrações de cortisol no cabelo2 como biomarcador de estresse prolongado em crianças e suas mães e a relação com fatores perinatais e sociodemográficos, foi realizado um estudo prospectivo3 de coorte4 com uma amostra de cem bebês5 no sudeste da Suécia. Os níveis de cortisol no cabelo2 foram medidos nas idades de 1, 3, 5 e 8 anos nas crianças e durante a gestação no cabelo2 das mães. Um questionário abrangeu fatores perinatais e sociodemográficos durante o primeiro ano de vida da criança.
Jerker Karlen e colegas da Universidade de Linköping observaram que os níveis de cortisol no cabelo2 da mãe durante o segundo e terceiro trimestres da gestação e os níveis de cortisol no cabelo2 das crianças com 1 ano e com 3 anos estavam correlacionados. Os níveis de cortisol na criança diminuíram ao longo do tempo e correlacionaram-se para cada uma das sucessivas idades entre 1 e 3 anos (r=0,30; P=0,002), 3 e 5 anos (r=0,39; P<0,001), e 5 e 8 anos (r=0,44; P<0,001). Medidas repetidas mostraram uma associação linear significativa ao longo do tempo (P<0,001). Houve uma associação entre altos níveis de cortisol no cabelo2 e peso ao nascer (β=0,224; P=0,020), tamanho não apropriado para a idade gestacional (β=0,231; P=0,017) e viver em um apartamento em comparação a uma casa (β=0,200; P=0,049). Além disso, verificaram-se níveis elevados de cortisol no cabelo2 relacionados a outros fatores associados à exposição ao estresse psicossocial.
Concluiu-se que a correlação entre os níveis de cortisol no cabelo2 das mães e de seus filhos sugere um traço hereditário ou calibração materna do eixo hipotálamo6-hipófise7-adrenal da criança. A produção de cortisol estabiliza gradualmente e parece ter um comportamento estável. A concentração de cortisol no cabelo2 tem o potencial de se tornar um biomarcador de estresse prolongado, especialmente aplicável como um método não invasivo quando se estuda a maneira como o estresse influencia a saúde1 das crianças. Mas o impacto clínico dessas conclusões ainda não está claro.
Fonte: Pediatrics, publicação online de 7 de outubro de 2013