The Lancet: três artigos falam sobre o uso de baixas doses de aspirina na prevenção do câncer e de metástases
Três novos estudos, publicados no The Lancet, sugerem que o uso de uma dose diária de aspirina pode ajudar a prevenir o câncer1 e as metástases2 para outros órgãos.
Estudos anteriores mostraram que a aspirina diária reduz o risco em longo prazo de morte por câncer1, mas até agora os efeitos de curto prazo têm sido incertos.
Os novos estudos, liderados por Peter Rothwell, da Oxford University, na Grã-Bretanha, relatam que a aspirina tem um benefício de curto prazo na prevenção do câncer1 e que reduz a possibilidade de metástases2 para outros órgãos.
A aspirina é um medicamento que reduz a formação de coágulos nos vasos sanguíneos3 e pode, portanto, proteger contra ataques cardíacos e derrames, por isso é muitas vezes prescrita para pessoas que já sofrem com doenças do coração4 e que já tiveram um ou vários ataques cardíacos. No entanto, esta medicação também aumenta o risco de sangramento no estômago5 (hemorragia6 digestiva), fator que tem alimentado o debate entre os médicos sobre prescrever ou não o uso diário e regular da medicação.
No ano passado, um estudo realizado por pesquisadores britânicos questionou o uso de aspirina para a redução do risco de morte prematura devido a um ataque cardíaco ou derrame7, pois foi verificado que o aumento do risco de hemorragia6 interna compensou o benefício potencial.
Outros estudos, incluindo alguns realizados por Peter Rothwell em 2007, 2010 e 2011, mostraram que uma aspirina por dia, mesmo em uma dose baixa de cerca de 75 miligramas, reduz o risco a longo prazo de desenvolver alguns tipos de câncer1, particularmente câncer1 de esôfago8 e intestino, mas o efeitos não aparecem antes de oito a dez anos de uso contínuo da medicação.
Peter Rothwell, autor principal dos novos estudos, relata nas pesquisas atuais que a redução do risco de eventos vasculares9 com a aspirina foi inicialmente compensada por um aumento do risco de hemorragia6 grave, mas os efeitos de ambos os resultados diminuiu com o maior tempo de acompanhamento, deixando o risco reduzido de câncer1 a partir de três anos de uso diário da aspirina.
Juntamente com a já relatada redução no risco em longo prazo de morte por câncer1 com o uso de aspirina, as reduções de curto prazo na incidência10 de câncer1 e na mortalidade11 e a diminuição do risco de grandes hemorragias12 com o uso prolongado da aspirina, e sua baixa letalidade, adicionam importância ao uso diário de aspirina na prevenção do câncer1.
Fonte: The Lancet