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A estimulação do nervo vago é promissora na recuperação de lesões na medula espinhal

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Pessoas com lesões1 incompletas da medula espinhal2 cervical apresentaram melhorias nos movimentos das mãos3 e braços após receberem uma forma direcionada de estimulação do nervo vago.

De acordo com o estudo publicado na revista Nature, a combinação da estimulação direcionada do nervo vago com fisioterapia4 parece ajudar pessoas parcialmente paralisadas por lesões1 na medula espinhal2 a recuperar a capacidade de realizar algumas atividades cotidianas, como colocar um colar ou fechar um zíper.

O tratamento já foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para o tratamento de algumas deficiências motoras após um AVC. Isso levou Michael Kilgard, da Universidade do Texas em Dallas (UT Dallas), e seus colegas a se perguntarem se ele também poderia beneficiar pessoas com paralisia5 incompleta.

Em seu estudo, indivíduos com lesão6 medular incompleta receberam com segurança uma combinação de estimulação de um nervo no pescoço7 com reabilitação progressiva e individualizada. Essa abordagem, chamada estimulação do nervo vago em circuito fechado (CLV), produziu melhorias significativas na função do braço e da mão8 nesses indivíduos.

Os resultados sem precedentes posicionam os cientistas da UT Dallas para prosseguir com um estudo pivotal – o último obstáculo no caminho para a possível aprovação da estimulação do nervo vago para o tratamento de comprometimento dos membros superiores devido à lesão6 medular pela FDA.

Essa abordagem se baseia em mais de uma década de esforços em neurociência e bioengenharia realizados por pesquisadores da UT Dallas. A terapia utiliza pulsos elétricos enviados ao cérebro9 por meio de um pequeno dispositivo implantado no pescoço7 e programado para ocorrer durante exercícios de reabilitação. Trabalhos anteriores de pesquisadores da UT Dallas demonstraram que a estimulação do nervo vago durante a fisioterapia4 pode reconectar áreas do cérebro9 danificadas por AVC e levar a uma recuperação mais rápida.

O Dr. Michael Kilgard explicou que o tratamento de lesões1 na medula espinhal2 com CLV é diferente das condições abordadas em estudos anteriores.

“Em casos de AVC, pessoas que fazem apenas terapia podem apresentar melhora, e a adição de CLV multiplica essa melhora”, disse ele. “Este estudo é diferente: a terapia isolada para lesão6 na medula espinhal2 não ajudou em nada nossos participantes.”

Saiba mais sobre "Neuromodulação", "Fisioterapia4" e "Reabilitação funcional".

O estudo envolveu 19 participantes com lesão6 medular cervical crônica e incompleta. Cada pessoa realizou 12 semanas de terapia, jogando videogames simples para desencadear movimentos específicos dos membros superiores. O implante10 foi ativado após movimentos bem-sucedidos, resultando em benefícios significativos para a força dos braços e mãos3.

“Essas atividades permitem que os pacientes recuperem força, velocidade, amplitude de movimento e função das mãos3. Elas simplificam a vida diária”, disse o Dr. Robert Rennaker, que projetou o dispositivo CLV implantado em miniatura.

O estudo serviu como um ensaio clínico de Fase 1 e Fase 2 e incluiu um controle randomizado11 com placebo12 em sua primeira fase, na qual nove dos 19 participantes receberam estimulação simulada em vez de tratamento ativo durante as primeiras 18 sessões de terapia e, em seguida, receberam CLV nas últimas 18 sessões.

A idade dos participantes variava de 21 a 65 anos e o tempo após a lesão6 de 1 a 45 anos. Nenhum desses fatores, nem a gravidade da deficiência naqueles com algum movimento da mão8, influenciaram o grau de resposta ao tratamento.

“Essa abordagem produz resultados independentemente desses fatores, que frequentemente causam diferenças significativas nas taxas de sucesso de outros tipos de tratamento”, disse a co-autora do estudo, Dra. Jane Wigginton.

“É notável do ponto de vista médico”, disse Wigginton, que planejou as interações clínicas e as proteções dos pacientes para o estudo.

A mais nova geração do dispositivo implantável CLV, projetado pela Rennaker, é aproximadamente 50 vezes menor do que a versão de três anos atrás. Ele não impede que os pacientes realizem ressonâncias magnéticas, tomografias computadorizadas ou ultrassons.

Um estudo pivotal de Fase 3 incluirá 70 participantes de diversas instituições americanas especializadas em lesão6 medular.

No artigo publicado, os pesquisadores descrevem como a estimulação do nervo vago em circuito fechado auxilia na recuperação de lesões1 na medula espinhal2.

Eles relatam que décadas de pesquisa demonstraram que a recuperação de lesões1 neurológicas graves exigirá abordagens terapêuticas sinérgicas. Reconectar circuitos neurais poupados após lesões1 é um objetivo de longa data da neurorreabilitação.

A hipótese do estudo é que a combinação de treinamento intensivo, progressivo e focado em tarefas com estimulação do nervo vago em circuito fechado (CLV) em tempo real para aumentar a plasticidade sináptica poderia aumentar a força, expandir a amplitude de movimento e melhorar a função da mão8 em pessoas com lesão6 medular cervical crônica e incompleta.

O artigo relata então os resultados de um estudo prospectivo13, duplo-cego, controlado por simulação e randomizado11, combinando fisioterapia4 gamificada usando sensores de força e movimento para aplicar CLV simulada ou ativa.

Após 12 semanas de terapia composta por um implante10 miniaturizado que ativa seletivamente o nervo vago em movimentos bem-sucedidos, 19 pessoas exibiram um efeito benéfico significativo na força do braço e da mão8 e na capacidade de realizar atividades da vida diária. A CLV representa uma via terapêutica14 promissora para pessoas com lesão6 medular cervical crônica e incompleta.

Leia sobre "Lesões1 da medula espinhal2" e "Tetraplegia: o que é".

 

Fontes:
Nature, publicação em 21 de maio de 2025.
Science Daily, notícia publicada em 21 de maio de 2025.

 

NEWS.MED.BR, 2025. A estimulação do nervo vago é promissora na recuperação de lesões na medula espinhal. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1491500/a-estimulacao-do-nervo-vago-e-promissora-na-recuperacao-de-lesoes-na-medula-espinhal.htm>. Acesso em: 3 jul. 2025.

Complementos

1 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
2 Medula Espinhal:
3 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
4 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.
5 Paralisia: Perda total da força muscular que produz incapacidade para realizar movimentos nos setores afetados. Pode ser produzida por doença neurológica, muscular, tóxica, metabólica ou ser uma combinação das mesmas.
6 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
7 Pescoço:
8 Mão: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
9 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
10 Implante: 1. Em cirurgia e odontologia é o material retirado do próprio indivíduo, de outrem ou artificialmente elaborado que é inserido ou enxertado em uma estrutura orgânica, de modo a fazer parte integrante dela. 2. Na medicina, é qualquer material natural ou artificial inserido ou enxertado no organismo. 3. Em patologia, é uma célula ou fragmento de tecido, especialmente de tumores, que migra para outro local do organismo, com subsequente crescimento.
11 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
12 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
13 Prospectivo: 1. Relativo ao futuro. 2. Suposto, possível; esperado. 3. Relativo à preparação e/ou à previsão do futuro quanto à economia, à tecnologia, ao plano social etc. 4. Em geologia, é relativo à prospecção.
14 Terapêutica: Terapia, tratamento de doentes.

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