Gostou do artigo? Compartilhe!

Defeitos congênitos aumentam em até 23 vezes o risco de mortalidade infantil

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia

Até que ponto os defeitos congênitos1 estão associados à mortalidade infantil2? As causas de morte em crianças com defeitos congênitos1 são mal compreendidas.

Nesse contexto, o objetivo deste estudo, publicado pelo JAMA Network Open, foi determinar as taxas de mortalidade3 de acordo com a causa da morte em crianças com e sem defeitos congênitos1.

Este estudo de coorte4 longitudinal incluiu uma amostra populacional de 1.037.688 crianças e foi realizado em todos os hospitais de Quebec, Canadá, com 7.700.596 pessoas-ano de acompanhamento entre o nascimento e a idade de 14 anos (1º de abril de 2006 a 31 de março de 2020).

Saiba mais sobre "Malformações5 fetais", "Mortalidade infantil2 no Brasil" e "Desenvolvimento infantil".

A exposição do estudo foi a presença ou ausência de um defeito de nascença.

Os desfechos foram mortalidade3 por todas as causas e por causa específica. As razões de risco (HRs) e ICs de 95% foram calculados para a associação entre defeitos congênitos1 e mortalidade3 com modelos de riscos proporcionais de Cox ajustados para as características do paciente.

Entre as 1.037.688 crianças da coorte6, 95.566 tinham defeitos congênitos1 (56,5% meninos). Havia 532.542 meninos na coorte6 (51,3%), e a idade média (DP) no final do seguimento foi de 7,42 (3,72) anos.

Houve 918 óbitos entre as crianças com defeitos congênitos1, e a idade média (DP) foi de 0,93 (2,07) anos ao óbito7; houve 1.082 óbitos entre as 942.122 crianças sem defeitos congênitos1, e a idade média (DP) ao óbito7 foi de 0,50 (1,51) anos.

As taxas de mortalidade3 foram maiores para crianças com defeitos congênitos1 em comparação com nenhum defeito (1,3 vs 0,2 mortes por 1.000 pessoas-ano, respectivamente).

Meninas (HR, 5,66; IC 95%, 4,96-6,47) e meninos (HR, 4,69; IC 95%, 4,15-5,29) com defeitos congênitos1 tiveram um risco elevado de morte antes dos 14 anos em comparação com crianças não afetadas.

Os defeitos congênitos1 foram associados à mortalidade3 por causas circulatórias (HR, 26,59; IC 95%, 17,73-39,87), respiratórias (HR, 23,03; IC 95%, 15,09-35,14) e digestivas (HR, 31,77; IC 95%, 11,87 -85,04), mas as anomalias raramente foram listadas como causa da morte.

Comparadas com crianças sem defeitos congênitos1, aquelas com defeitos congênitos1 apresentaram maior risco de morte entre 28 e 364 dias de vida.

Este estudo de coorte4 de 1.037.688 crianças sugere que os defeitos congênitos1 foram associados a mais de 23 vezes o risco de mortalidade3 devido a causas circulatórias, respiratórias e digestivas em comparação com nenhum defeito.

Esses achados sugerem que crianças com defeitos congênitos1 têm alto risco de mortalidade3 pós-neonatal e que a contribuição dos defeitos congênitos1 pode estar subestimada nas estatísticas de mortalidade3.

Leia sobre "Pré-natal: o que é", "Cardiopatias congênitas8", "Espinha bífida9" e "Teste do Pezinho ou Triagem Neonatal".

 

Fonte: JAMA Network Open, publicação em 11 de abril de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Defeitos congênitos aumentam em até 23 vezes o risco de mortalidade infantil. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1414935/defeitos-congenitos-aumentam-em-ate-23-vezes-o-risco-de-mortalidade-infantil.htm>. Acesso em: 19 mar. 2024.

Complementos

1 Defeitos congênitos: Problemas ou condições que estão presentes ao nascimento.
2 Mortalidade Infantil: A taxa de mortalidade infantil é o quociente entre os óbitos de menores de um ano ocorridos em uma determinada unidade geográfica e período de tempo, e os nascidos vivos da mesma unidade nesse período, segundo a fórmula: Taxa de Mortalidade Infantil = (Óbitos de Menores de 1 ano / Nascidos Vivos) x 1.000
3 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
4 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
5 Malformações: 1. Defeito na forma ou na formação; anomalia, aberração, deformação. 2. Em patologia, é vício de conformação de uma parte do corpo, de origem congênita ou hereditária, geralmente curável por cirurgia. Ela é diferente da deformação (que é adquirida) e da monstruosidade (que é incurável).
6 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
7 Óbito: Morte de pessoa; passamento, falecimento.
8 Congênitas: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
9 Espinha bífida: Também conhecida como mielomeningocele, a espinha bífida trata-se de um problema congênito. Ela é caracterizada pela má formação no tubo neural do feto, a qual ocorre nas três primeiras semanas de gravidez, quando a mulher ainda não sabe que está grávida. Esta malformação pode comprometer as funções de locomoção, controle urinário e intestinal, dentre outras.
Gostou do artigo? Compartilhe!