Pessoas com cérebros que filtram informações irrelevantes têm melhor capacidade de memorização
Cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia, publicaram artigo na revista Nature Neuroscience deste mês dizendo que os gânglios1 basais e o córtex pré-frontal são essenciais na manutenção da boa memória, já que "filtram" informações irrelevantes.
Avaliando imagens de ressonância nuclear magnética e eletroencefalografia2 de 25 voluntários saudáveis, os cientistas observaram que pessoas que têm boa memória, mesmo quando sofrem distrações, registram maior atividade cerebral nos gânglios1 basais e no córtex pré-frontal.
Participaram do estudo vinte e cinco voluntários submetidos a um teste computadorizado em que eram obrigados a responder a determinados tipos de imagens apresentadas com ou sem fatores que causavam distração - um som era emitido toda vez que uma imagem vinha acompanhada desses fatores de distração "irrelevantes". Os cientistas descobriram que quando as imagens - acompanhadas do som - apareciam, havia um aumento na atividade nervosa nos gânglios1 basais e no córtex pré-frontal, o que sugere que o cérebro3 estava se preparando para "filtrar" estas informações visuais.
Segundo Torkel Klingberg, Fiona McNab e colaboradores, a habilidade de armazenar informações que podem ser acessadas rapidamente pelo cérebro3 é conhecida como "memória de trabalho4". Esta função varia de um indivíduo para o outro e permite o armazenamento de informações mesmo quando o corpo está trabalhando em outra atividade. Esta pesquisa ajuda a explicar porque algumas pessoas têm memória melhor do que outras. As conclusões apontam que um dos fatores para esta variação individual é a capacidade do cérebro3 em filtrar da memória informações que são irrelevantes.
Estes resultados talvez venham ajudar a entender o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), já que os gânglios1 da base passam a ser candidatos a estarem envolvidos em distúrbios cerebrais de pessoas com problemas de controle da atenção. É importante lembrar que outras regiões no cérebro3 filtram informações irrelevantes, portanto é cedo para saber se essas descobertas poderão resultar em curas para condições como TDAH.
Fonte: Nature Neuroscience