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Intervalos curtos de atividade física vigorosa durante a vida diária estão associados a menor mortalidade

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Mesmo para pessoas que não frequentam a academia, um punhado de atividades diárias curtas e intensas pode reduzir o risco de mortalidade1, de acordo com uma nova pesquisa publicada na Nature Medicine.

Essas atividades curtas não são exercícios no sentido tradicional. Em vez disso, são ações incorporadas à vida diária – como subir escadas ou caminhar rapidamente durante o trajeto. Algumas sessões de 1 a 2 minutos por dia podem reduzir o risco de mortalidade1, sugere o estudo.

Para examinar a relação entre intervalos curtos de atividade vigorosa e risco de mortalidade1, os pesquisadores analisaram dados coletados de 25.241 indivíduos com idades entre 40 e 69 anos que participaram de um estudo de acelerometria2 do UK Biobank.

Dispositivos vestíveis podem capturar padrões de movimento inexplorados, como breves intervalos de atividade física vigorosa intermitente3 no estilo de vida (VILPA, do inglês vigorous intermittent lifestyle physical activity) que está incorporada à vida cotidiana, em vez de ser feita como exercício em momentos de lazer.

Todos os participantes usaram acelerômetros em seus pulsos por mais de 16 horas por dia por no mínimo 3 dias durante um período de uma semana; pelo menos 1 dia de dados de monitoramento veio de um fim de semana. Esses participantes eram “não praticantes de exercícios”, o que significa que relataram que não se exercitavam durante o tempo livre e não faziam mais de uma caminhada recreativa por semana.

Leia sobre "Atividade física - um hábito adquirido com prazer" e "Sedentarismo4: o que é".

Os pesquisadores compararam as taxas de mortalidade1 entre os não praticantes que tiveram e não tiveram episódios de VILPA registrados por seus acelerômetros. Eles também compararam os não praticantes com 62.344 participantes do estudo UK Biobank que relataram praticar exercícios em momentos de lazer. Os resultados de saúde5 para todos os participantes foram rastreados por aproximadamente 7 anos.

A associação de VILPA com a mortalidade1 por todas as causas, por doença cardiovascular (DCV) e por câncer6 foi examinada nos 25.241 não praticantes (idade média de 61,8 anos, 14.178 mulheres/11.063 homens) no UK Biobank. Durante um acompanhamento médio de 6,9 anos, durante o qual ocorreram 852 mortes, a VILPA foi inversamente associada a todos esses três desfechos de maneira quase linear.

Os acelerômetros registraram instâncias de VILPA entre quase 89% dos não praticantes. A frequência média de intervalos de VILPA foi equivalente a 3 sessões diárias com duração de 1 ou 2 minutos cada. Ninguém neste grupo completou mais do que o equivalente a 11 intervalos em um determinado dia.

Em comparação com os participantes que não engajaram em VILPA, os participantes que engajaram em VILPA na frequência mediana da amostra de 3 sessões de VILPA de duração padronizada por dia (com duração de 1 ou 2 minutos cada) mostraram uma redução de 38% a 40% no risco de mortalidade1 por todas as causas e por câncer6 e uma redução de 48% a 49% no risco de mortalidade1 por DCV.

Além disso, a duração de VILPA mediana da amostra de 4,4 min por dia foi associada a uma redução de 26% a 30% no risco de mortalidade1 por todas as causas e por câncer6 e a uma redução de 32% a 34% no risco de mortalidade1 por DCV.

Resultados semelhantes foram obtidos ao repetir as análises acima para atividade física vigorosa (VPA) em 62.344 participantes do UK Biobank que se exercitavam (1.552 mortes, 35.290 mulheres/27.054 homens).

Os acelerômetros registraram ocorrências de VPA, que podem ser alcançadas por meio de exercícios tradicionais ou VILPA, entre 93% dos praticantes de exercícios autorrelatados. Aproximadamente 93% de seus intervalos de VPA duraram até 2 minutos.

A associação entre atividade e mortalidade1 foi semelhante na coorte7 que relatou se exercitar durante o lazer.

Esses resultados indicam que pequenas quantidades de atividade física vigorosa sem exercício estão associadas a uma mortalidade1 substancialmente menor. A VILPA em não praticantes de exercícios parece provocar efeitos semelhantes à atividade física vigorosa em praticantes de exercícios, sugerindo que a VILPA pode ser um alvo de atividade física adequado, especialmente em pessoas incapazes ou não dispostas a se exercitar.

Veja também sobre "Treinamento funcional", "Exercícios aeróbicos" e "Musculação para idosos".

 

Fontes:
Nature Medicine, publicação em 08 de dezembro de 2022.
JAMA, notícia publicada em 04 de janeiro de 2023.

 

NEWS.MED.BR, 2023. Intervalos curtos de atividade física vigorosa durante a vida diária estão associados a menor mortalidade. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1431895/intervalos-curtos-de-atividade-fisica-vigorosa-durante-a-vida-diaria-estao-associados-a-menor-mortalidade.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.

Complementos

1 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
2 Acelerometria: Método de análise utilizado em avaliações biomecânicas do movimento humano. É uma ferramenta aplicada em áreas da saúde como Educação Física, Fisioterapia e Medicina. Através do acelerômetro é possível mensurar as acelerações provocadas e sofridas pelo corpo humano. Esse transdutor detecta o movimento produzido por mudança na velocidade ou no padrão de movimentos corporais. Devido ao fato de a maioria dos gestos motores do corpo humano ocorrer em mais de um eixo de movimento, dá-se preferência aos acelerômetros triaxiais que permitem medir a aceleração em cada um dos eixos ortogonais.
3 Intermitente: Nos quais ou em que ocorrem interrupções; que cessa e recomeça por intervalos; intervalado, descontínuo. Em medicina, diz-se de episódios de febre alta que se alternam com intervalos de temperatura normal ou cujas pulsações têm intervalos desiguais entre si.
4 Sedentarismo: Qualidade de quem ou do que é sedentário, ou de quem tem vida e/ou hábitos sedentários. Sedentário é aquele que se exercita pouco, que não se movimenta muito.
5 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
6 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
7 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
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