Efeito da levotiroxina na fração de ejeção do ventrículo esquerdo em pacientes com hipotireoidismo subclínico e infarto agudo do miocárdio
Os hormônios tireoidianos desempenham um papel fundamental na modulação da contratilidade miocárdica. O hipotireoidismo1 subclínico em pacientes com infarto2 agudo3 do miocárdio4 está associado a um mau prognóstico5.
O objetivo desse estudo, publicado pelo JAMA, foi avaliar o efeito do tratamento com levotiroxina6 na função ventricular esquerda em pacientes com infarto2 agudo3 do miocárdio4 e hipotireoidismo1 subclínico.
Foi realizado um ensaio clínico randomizado7, duplo-cego, em 6 hospitais no Reino Unido. Pacientes com infarto2 agudo3 do miocárdio4, incluindo com supradesnivelamento do segmento ST e sem supradesnivelamento do segmento ST, foram recrutados entre fevereiro de 2015 e dezembro de 2016, com o último participante sendo acompanhado em dezembro de 2017.
As intervenções consistiram de tratamento com levotiroxina6 (n = 46) a partir de 25 µg titulado para atingir níveis séricos de tireotrofina entre 0,4 e 2,5 mU/L ou placebo8 idêntico (n = 49), ambos fornecidos em forma de cápsula, uma vez ao dia, por 52 semanas.
O desfecho primário foi a fração de ejeção do ventrículo esquerdo às 52 semanas, avaliada por ressonância magnética9, ajustada para idade, sexo, tipo de infarto2 agudo3 do miocárdio4, território arterial coronariano afetado e fração de ejeção do ventrículo esquerdo basal. As medidas secundárias foram volumes ventriculares esquerdos, tamanho do infarto2 (avaliado em um subgrupo [n = 60]), eventos adversos e medidas de desfecho relatadas pelo paciente sobre o estado de saúde10, qualidade de vida relacionada à saúde10 e depressão.
Entre os 95 participantes randomizados, a média de idade (DP) foi de 63,5 (9,5) anos, 72 (76,6%) eram homens e 65 (69,1%) apresentaram infarto do miocárdio11 com supradesnivelamento do segmento ST.
O nível mediano de tireotrofina sérica foi de 5,7 mU/L (intervalo interquartil de 4,8-7,3 mU/L) e o nível médio (DP) de tiroxina livre foi de 1,14 (0,16) ng/dL. As medidas primárias de desfecho às 52 semanas estavam disponíveis em 85 pacientes (89,5%).
A fração de ejeção média do ventrículo esquerdo no início e às 52 semanas foi de 51,3% e 53,8%, respectivamente, no grupo levotiroxina6 em comparação com 54,0% e 56,1%, respectivamente, no grupo placebo8 (diferença ajustada nos grupos, 0,76% [IC 95%, -0,93% a 2,46%]; P = 0,37). Nenhum dos 6 desfechos secundários mostrou uma diferença significativa entre os grupos de tratamento com levotiroxina6 e placebo8. Houve 15 (33,3%) e 18 (36,7%) eventos adversos cardiovasculares nos grupos levotiroxina6 e placebo8, respectivamente.
Neste estudo preliminar envolvendo pacientes com hipotireoidismo1 subclínico e infarto2 agudo3 do miocárdio4, o tratamento com levotiroxina6, em comparação com o placebo8, não melhorou significativamente a fração de ejeção do ventrículo esquerdo após 52 semanas. Esses achados não apoiam o tratamento do hipotireoidismo1 subclínico em pacientes com infarto2 agudo3 do miocárdio4.
Saiba mais sobre "Hipotireoidismo1 subclínico", "Infarto do miocárdio11" e "Hormônio12 TSH".
Fonte: JAMA, publicação em 21 de julho de 2020.