Diagnóstico e tratamento de distúrbios neurológicos funcionais mais pesquisas são necessárias
O distúrbio neurológico funcional (DNF), anteriormente considerado como um diagnóstico1 de exclusão, agora é um diagnóstico1 de inclusão com os tratamentos disponíveis. Isso representa um grande passo para desestigmatizar o transtorno, que muitas vezes foi questionado e considerado intratável.
O DNF é prevalente, geralmente afetando adultos jovens e de meia idade, e pode causar incapacidade grave em alguns indivíduos. Um diagnóstico1 precoce, com acesso subsequente a tratamentos reabilitativos e/ou psicológicos baseados em evidências, pode promover a recuperação, embora nem todos os pacientes respondam aos tratamentos atualmente disponíveis.
Esta revisão, publicada pelo The British Medical Journal, apresenta os avanços mais recentes no uso de sinais2 de exames de inclusão validados para orientar o diagnóstico1 e a variedade de abordagens terapêuticas disponíveis para cuidar de pacientes com DNF.
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O artigo enfoca os dois subtipos de DNF mais frequentemente identificados: sintomas3 motores (fraqueza e/ou distúrbios do movimento) e sintomas3 do tipo convulsivo.
Vinte e dois estudos sobre sintomas3 motores e 27 estudos sobre sintomas3 do tipo convulsivo relatam alta especificidade dos sinais2 clínicos (64-100%), e os sinais2 individuais são revisados.
O diagnóstico1 das duas apresentações mais frequentes do distúrbio neurológico funcional (motor e tipo convulsivo) é agora uma abordagem de inclusão, como dito anteriormente, onde o uso cuidadoso de sinais2 clínicos positivos e perícia neurológica é obrigatório.
Um exame físico completo é necessário e o diagnóstico1 não deve basear-se apenas na revisão do prontuário médico e/ou histórico de fatores de risco associados (por exemplo, um evento traumático da vida) que não seja específico para o diagnóstico1.
O uso de testes eletrofisiológicos adjuvantes, como registros de movimento para tremor ou eletroencefalograma4 (EEG) para DNF do tipo convulsivo, ajudam a determinar o diagnóstico1 em casos diagnósticos desafiadores; capturar um evento típico de convulsão5 em EEG por vídeo e apreciar a ausência de um correlato eletrográfico ajuda a fazer um diagnóstico1 de DNF do tipo convulsivo documentado.
Outros testes neurológicos não são necessários para o diagnóstico1, mas podem ajudar se houver suspeita de um distúrbio neurológico coexistente subjacente. Um diagnóstico1 duplo de DNF e outro distúrbio neurológico deve sempre ser considerado.
Uma vez que o diagnóstico1 é feito, uma explicação clara deve ser fornecida ao paciente, evitando o termo “medicamente inexplicável”. Materiais educativos na forma de informações escritas ou baseadas na web podem ajudar os pacientes a entender o transtorno, construir suportes sociais e obter compreensão diagnóstica por meio da colaboração com grupos de apoio ao paciente, se desejado.
O tratamento precoce deve ser baseado nos sintomas3 físicos do paciente e informado pelo modelo biopsicossocial, levando em consideração fatores relevantes de saúde6 mental e socioculturais.
Intervenções de reabilitação (fisioterapia7 e terapia ocupacional8) são tratamentos de escolha para sintomas3 motores funcionais, enquanto a psicoterapia é um tratamento emergente baseado em evidências em todos os subtipos de DNF.
Muitos pacientes se beneficiam de uma abordagem multidisciplinar que incorpora perspectivas neuropsiquiátricas e de reabilitação. O acompanhamento neurológico deve ser agendado rotineiramente, pois podem surgir novos sintomas3 que exijam triagem clínica.
A literatura até o momento destaca a heterogeneidade nas respostas ao tratamento, ressaltando que mais pesquisas são necessárias para individualizar os tratamentos e desenvolver novas intervenções e novos tratamentos biologicamente informados.
Leia a revisão na íntegra: Diagnosis and management of functional neurological disorder
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Fonte: The British Medical Journal, publicação em 24 de janeiro de 2022.