Gostou do artigo? Compartilhe!

Psicose na doença de Parkinson: pimavanserin, uma nova medicação não-dopaminérgica para o tratamento de sintomas psicóticos em pessoas com doença de Parkinson

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia

Até 10 milhões de pessoas no mundo têm a doença de Parkinson1 e mais da metade vai apresentar psicose2 em algum momento. Um ensaio randomizado3, publicado pelo periódico The Lancet, avaliou a segurança e a eficácia do pimavanserin, uma nova medicação não-dopaminérgica para o tratamento de sintomas4 psicóticos em pessoas com doença de Parkinson1. Cerca de 200 pacientes com psicose2 e doença de Parkinson1 foram alocados aleatoriamente para receber 40 mg de pimavanserin ou placebo5 por 6 semanas. Após 43 dias, os pacientes que receberam pimavanserin mostraram melhora na pontuação Self-Assessment Disability Scale para pacientes6 com Doença de Parkinson1 (SADS-PD) em comparação com aqueles que receberam placebo5.

Os sintomas4 psicóticos incluem alucinações7 e delírios e são frequentes e debilitantes em pessoas com doença de Parkinson1. O presente trabalho teve o objetivo de avaliar a segurança e a eficácia do pimavanserin, um agonista8 inverso e seletivo da 5-HT2A, nesta população.

O estudo randomizado9, duplo-cego, controlado com placebo5, na fase 3 de ensaio clínico, incluiu adultos (≥ 40 anos) com psicose2 e doença de Parkinson1. Tratamentos antipsicóticos não foram permitidos durante o estudo de seis semanas, mas a medicação antiparkinsoniana controlada ou a estimulação cerebral profunda foram permitidas. Os participantes elegíveis foram alocados aleatoriamente (1:1) para receber pimavanserin, 40 mg por dia, ou placebo5. O desfecho primário foi o benefício antipsicótico alcançado. A pontuação Self-Assessment Disability Scale para pacientes6 com doença de Parkinson1 (SADS-PD) foi usada para avaliar sintomas4 positivos em todos os pacientes que receberam pelo menos uma dose do medicamento no estudo e tinham uma avaliação com este score no início do estudo e em pelo menos um follow-up. Foram avaliadas a segurança e a tolerabilidade em todos os pacientes que receberam pelo menos uma dose da droga em estudo.

Entre 11 de agosto de 2010 e 29 de agosto de 2012, 199 pacientes foram alocados aleatoriamente para os grupos de tratamento. Noventa pacientes receberam o placebo5 e 95 receberam pimavanserin. O pimavanserin foi associado a uma diminuição de -5,79 pontos no SADS-PD comparado a uma diminuição de -2,73 pontos nos que usaram placebo5 (p=0,001). Dez doentes no grupo pimavanserin interromperam a medicação devido a evento adverso (quatro por transtorno psicótico ou alucinação10 dentro de 10 dias após o início da medicação) em comparação com dois pacientes no grupo do placebo5. No geral, o pimavanserin foi bem tolerado, sem preocupações significativas de segurança ou agravamento da função motora.

O pimavanserin pode beneficiar pacientes com psicose2 e doença de Parkinson1, para os quais poucas opções de tratamento estão disponíveis. O delineamento experimental utilizado neste estudo para gerenciar a resposta ao placebo5 pode ter aplicabilidade para outros estudos sobre doenças neuropsiquiátricas.

Fonte: The Lancet, publicação online de 1° de novembro de 2013 

NEWS.MED.BR, 2013. Psicose na doença de Parkinson: pimavanserin, uma nova medicação não-dopaminérgica para o tratamento de sintomas psicóticos em pessoas com doença de Parkinson. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/pharma-news/506064/psicose-na-doenca-de-parkinson-pimavanserin-uma-nova-medicacao-nao-dopaminergica-para-o-tratamento-de-sintomas-psicoticos-em-pessoas-com-doenca-de-parkinson.htm>. Acesso em: 24 abr. 2024.

Complementos

1 Doença de Parkinson: Doença degenerativa que afeta uma região específica do cérebro (gânglios da base), e caracteriza-se por tremores em repouso, rigidez ao realizar movimentos, falta de expressão facial e, em casos avançados, demência. Os sintomas podem ser aliviados por medicamentos adequados, mas ainda não se conhece, até o momento, uma cura definitiva.
2 Psicose: Grupo de doenças psiquiátricas caracterizadas pela incapacidade de avaliar corretamente a realidade. A pessoa psicótica reestrutura sua concepção de realidade em torno de uma idéia delirante, sem ter consciência de sua doença.
3 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
4 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
5 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
6 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
7 Alucinações: Perturbações mentais que se caracterizam pelo aparecimento de sensações (visuais, auditivas, etc.) atribuídas a causas objetivas que, na realidade, inexistem; sensações sem objeto. Impressões ou noções falsas, sem fundamento na realidade; devaneios, delírios, enganos, ilusões.
8 Agonista: 1. Em farmacologia, agonista refere-se às ações ou aos estímulos provocados por uma resposta, referente ao aumento (ativação) ou diminuição (inibição) da atividade celular. Sendo uma droga receptiva. 2. Lutador. Na Grécia antiga, pessoa que se dedicava à ginástica para fortalecer o físico ou como preparação para o serviço militar.
9 Estudo randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle - o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
10 Alucinação: Perturbação mental que se caracteriza pelo aparecimento de sensações (visuais, auditivas, etc.) atribuídas a causas objetivas que, na realidade, inexistem; sensação sem objeto. Impressão ou noção falsa, sem fundamento na realidade; devaneio, delírio, engano, ilusão.
Gostou do artigo? Compartilhe!