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Metilfenidato: dados do SNGPC mostram tendência de uso crescente desta medicação no Brasil, principalmente em crianças. Mas isto está sendo feito de forma segura?

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O metilfenidato é um medicamento psicoestimulante aprovado para o tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Esta medicação promove um aumento da atenção e do controle de impulsos de crianças que apresentam TDAH e deve somente ser usada de acordo com uma prescrição médica criteriosa.

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurológico do comportamento, comum na infância e na adolescência, afetando cerca de 8 a 12% das crianças no mundo. Estimativas de prevalência1 de TDAH em crianças e adolescentes, no Brasil, são bastante discordantes com valores de 0,9% a 26,8%. O diagnóstico2 desta condição é complicado pela ocorrência de comorbidades3 como dificuldades de aprendizagem, transtornos de conduta e ansiedade, e depende muito do relato dos pais e de professores, não existindo até o momento nenhum exame laboratorial confiável que possa prever este tipo de problema. As crianças com TDAH costumam apresentar dificuldade de prestar atenção, controlar comportamentos impulsivos, inquietação, fala excessiva, hiperatividade, dentre outros sintomas4.

Dados registrados no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), gerenciados pela Anvisa, sobre a prescrição e o consumo de metilfenidato no Brasil, nos anos de 2009 a 2011, apontam para uma tendência de uso crescente desta medicação.

O Boletim de Farmacoepidemiologia do SNGPC, de julho a dezembro de 2012, mostra que:

  1. Tem havido um aumento no consumo de metilfenidato no Brasil com destaque para redução do consumo nos meses de férias e aumento no segundo semestre dos anos estudados.
  2. Entre as UF, o DF registrou o maior consumo de metilfenidato no triênio estudado.
  3. Porto Alegre obteve o maior consumo de metilfenidato no triênio, entre as capitais brasileiras.
  4. A partir da estimativa de gasto direto total das famílias brasileiras com a aquisição de metilfenidato, foi verificada uma concentração de mercado para o tratamento de TDAH com três apresentações farmacêuticas, todas de um mesmo laboratório, assegurando 92% das vendas de metilfenidato no país.
  5. Entre as especialidades médicas prescritoras informadas, houve um predomínio daquelas relacionadas com assistência à criança e ao adolescente e que tratam de problemas do sistema nervoso central5. Esse achado aponta para uma maior qualificação do uso de metilfenidato. No entanto, alguns profissionais apresentaram uma quantidade de prescrição desse produto bem acima da média e mediana que foram registradas para os 15 maiores prescritores de metilfenidato no país.

Estes dados demonstram uma tendência de uso crescente do metilfenidato no Brasil. Entretanto, a pergunta que precisa ser respondida é se esse uso está sendo feito de maneira segura, ou seja, se ele está sendo prescrito somente para as indicações aprovadas no registro do medicamento e para os pacientes corretos, na dosagem e períodos adequados. O uso desta medicação está sendo muito difundido nos últimos anos e, inclusive, de maneira equivocada, sendo utilizado como “droga da obediência” e como instrumento de melhoria do desempenho seja de crianças, adolescentes e adultos.

Fonte: Anvisa

Veja o Boletim completo em:

SNGPC Boletim de Farmacoepidemiologia, Ano 2, Número 2

NEWS.MED.BR, 2013. Metilfenidato: dados do SNGPC mostram tendência de uso crescente desta medicação no Brasil, principalmente em crianças. Mas isto está sendo feito de forma segura?. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/pharma-news/345429/metilfenidato-dados-do-sngpc-mostram-tendencia-de-uso-crescente-desta-medicacao-no-brasil-principalmente-em-criancas-mas-isto-esta-sendo-feito-de-forma-segura.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
2 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
3 Comorbidades: Coexistência de transtornos ou doenças.
4 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
5 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
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