Atalho: 6NC75WI
Gostou do artigo? Compartilhe!

Tratamento com diclofenaco pode resultar em um aumento da proporção de pacientes com fístula anastomótica em cirurgias colorretais: estudo de coorte com base em dados prospectivos publicado pelo BMJ

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia

Foi realizado um estudo de coorte1, com base em dados de um banco de dados clínico, prospectivo2 e eletronicamente registrado em registros médicos de seis grandes centros médicos da Dinamarca. O objetivo foi avaliar o efeito do uso de anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) no pós-operatório de pacientes submetidos à ressecção colorretal que apresentaram vazamento anastomótico requerendo reoperação. Participaram do estudo 2.766 pacientes (52% homens) submetidos à operação eletiva3 para o câncer4 colorretal, com ressecção do cólon5 ou do reto6 e anastomose7 primária entre 1° de janeiro de 2006 e 31 de dezembro de 2009. A média de idade dos pacientes foi de 70 anos.

A utilização pós-operatória de AINE (definida como, pelo menos, dois dias de tratamento com AINEs nos primeiros sete dias após a cirurgia) foi avaliada, juntamente com o resultado das medidas de frequência de vazamento anastomótico clinicamente verificado, necessidade de reoperação e mortalidade8 em 30 dias.

Dos 2.756 pacientes com dados disponíveis e incluídos na análise final, 1.871 (68%) não receberam tratamento pós-operatório com AINE (controles) e 885 (32%) o fizeram. No grupo que recebeu AINEs, 655 (74%) pacientes receberam ibuprofeno e 226 (26%) receberam o diclofenaco. O vazamento anastomótico verificado foi significativamente maior entre os pacientes que receberam tratamento com diclofenaco e ibuprofeno, em comparação com os controles (12,8% e 8,2% contra 5,1%, P <0,001). Após análises não ajustadas e, quando comparados com os controles, mais pacientes tiveram vazamento anastomótico após o tratamento com diclofenaco (7,8%) e ibuprofeno (3,2%). Mas após a análise por regressão logística multivariada, apenas o tratamento com diclofenaco foi um fator de risco9 para o vazamento. A mortalidade8 em 30 dias foi comparável entre os três grupos (diclofenaco 1,8%, ibuprofeno 4,1% e controles 3,2%, P = 0,20).

Concluiu-se que o tratamento com o diclofenaco pode resultar em um aumento da proporção de pacientes com fístula10 anastomótica em cirurgia colorretal. Os AINEs devem ser usados com cuidado depois de ressecções colorretais com anastomose7 primária. Estudos randomizados e controlados, em larga escala, são urgentemente necessários.

Fonte: BMJ, de 26 de setembro de 2012 

NEWS.MED.BR, 2012. Tratamento com diclofenaco pode resultar em um aumento da proporção de pacientes com fístula anastomótica em cirurgias colorretais: estudo de coorte com base em dados prospectivos publicado pelo BMJ. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/pharma-news/319915/tratamento-com-diclofenaco-pode-resultar-em-um-aumento-da-proporcao-de-pacientes-com-fistula-anastomotica-em-cirurgias-colorretais-estudo-de-coorte-com-base-em-dados-prospectivos-publicado-pelo-bmj.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.

Complementos

1 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
2 Prospectivo: 1. Relativo ao futuro. 2. Suposto, possível; esperado. 3. Relativo à preparação e/ou à previsão do futuro quanto à economia, à tecnologia, ao plano social etc. 4. Em geologia, é relativo à prospecção.
3 Eletiva: 1. Relativo à eleição, escolha, preferência. 2. Em medicina, sujeito à opção por parte do médico ou do paciente. Por exemplo, uma cirurgia eletiva é indicada ao paciente, mas não é urgente. 3. Cujo preenchimento depende de eleição (diz-se de cargo). 4. Em bioquímica ou farmácia, aquilo que tende a se combinar com ou agir sobre determinada substância mais do que com ou sobre outra.
4 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
5 Cólon:
6 Reto: Segmento distal do INTESTINO GROSSO, entre o COLO SIGMÓIDE e o CANAL ANAL.
7 Anastomose: 1. Na anatomia geral, é a comunicação natural direta ou indireta entre dois vasos sanguíneos, entre dois canais da mesma natureza, entre dois nervos ou entre duas fibras musculares. 2. Na anatomia botânica, é a união total ou parcial de duas estruturas como vasos, ramos, raízes. 3. Formação cirúrgica de uma passagem entre duas estruturas tubulares ou ocas ou também é a junção ou ligação patológica entre dois espaços ou órgãos normalmente separados.
8 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
9 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
10 Fístula: Comunicação anormal entre dois órgãos ou duas seções de um mesmo órgão entre si ou com a superfície. Possui um conduto de paredes próprias.
Gostou do artigo? Compartilhe!