Cerca de metade dos antidepressivos prescritos destina-se a tratar condições diferentes da depressão
Os dados de prontuários eletrônicos usados na pesquisa, coordenada pela doutoranda Jenna Wong e publicada pelo The Journal of the American Medical Association (JAMA), são do Canadá e descrevem as indicações de tratamento para os antidepressivos e as tendências temporais na prescrição de antidepressivos para depressão em Quebec, de 2006 a 2015.
O uso de antidepressivos nos Estados Unidos tem aumentado ao longo das últimas duas décadas. Uma razão suspeita para esta tendência de crescimento é que os médicos de cuidados primários estão prescrevendo os antidepressivos cada vez mais para indicações diferentes da depressão, incluindo indicações não aprovadas e que ainda não foram avaliadas por agências reguladoras, como pela Food and Drug Administration (FDA). No entanto, a frequência com que os médicos prescrevem antidepressivos para indicações não depressivas é desconhecida, pois as indicações de tratamento são raramente documentadas. No presente trabalho, analisou-se a prevalência1 de indicações de tratamento para os antidepressivos e as tendências temporais na prescrição de antidepressivos para depressão.
Os resultados mostram que quase três em cada dez antidepressivos prescritos, entre 2006 e 2015, por médicos no Canadá, foram destinados a tratar doenças para as quais os medicamentos não tinham recebido a aprovação da FDA dos EUA. Entre as condições que estão sendo tratadas com antidepressivos estão: insônia, dor, enxaquecas2, transtornos obsessivos compulsivos, sintomas3 da menopausa4, déficit de atenção e hiperatividade, transtornos de ansiedade, ataques de pânico e até mesmo doenças digestivas.
As conclusões sugerem a necessidade de um melhor entendimento das indicações dos antidepressivos e dos fins para os quais estão sendo prescritos, pois o uso de medicamentos para finalidades não aprovadas pode ter consequências inesperadas.
Fonte: The Journal of the American Medical Association (JAMA), volume 315, número 20, de 24 de maio de 2016