Médicos substituem traqueia de paciente com câncer por órgão feito em laboratório, de acordo com artigo do Wall Street Journal
O Dr. Paolo Macchiarini e colaboradores substituíram a traqueia1 de um doente com câncer2 terminal por um órgão totalmente construído em laboratório, um marco para a medicina regenerativa. O paciente está livre do tumor3 e deve ter uma expectativa de vida4 normal.
O Dr. Paolo Macchiarini, cirurgião italiano, professor de cirurgia regenerativa da University of Barcelona, na Espanha, realizou o procedimento no Sweden's Karolinska University Hospital. O transplante de uma traqueia1 feita em laboratório com células5 do próprio paciente nunca tinha sido realizado com sucesso até o dia 9 de junho de 2011, quando este paciente foi transplantado.
Os pesquisadores ainda não publicaram os detalhes do procedimento em uma revista científica. O Dr. Macchiarini disse que a nova traqueia1 não depende de doadores humanos. É uma traqueia1 sintética. As células5 tronco do próprio paciente foram semeadas em um “suporte” dentro de um biorreator. O paciente é um homem de 36 anos, nascido na República da Eritreia, com diagnóstico6 de câncer2 na traqueia1 que não respondeu ao tratamento com cirurgia e radioterapia7. O tumor3 havia alcançado seis centímetros de comprimento e estava bloqueando quase completamente a traqueia1, o que dificultava a respiração.
Em uma primeira etapa, uma equipe liderada por Alexander Seifalian, da University College London, usou materiais de plástico e nanotecnologia para fazer uma versão artificial do “andaime” no laboratório. Enquanto isso, pesquisadores da Harvard Bioscience Inc. of Holliston, Massachusetts, fizeram um biorreator, um dispositivo do tamanho de uma caixa de sapato com um eixo giratório central. O “andaime” artificial foi colocado no biorreator, em seguida, as células-tronco8 extraídas da medula óssea9 do paciente foram semeadas sobre esta estrutura de suporte que ficou neste biorreator por dois dias.
Com o paciente na mesa de cirurgia, a equipe cirúrgica retirou o tumor3, colocou a traqueia1 artificial no local adequado e foi adicionando produtos químicos nas células-tronco8, persuadindo-as a se diferenciar em tecidos, tais como células5 que compõem a traqueia1.
Cerca de 48 horas após o transplante, imagens mostraram células5 apropriadas no processo de “povoar” a traqueia1 artificial. Não houve rejeição pelo sistema imunológico10 do paciente, porque as células5 usadas como semente vieram do próprio paciente.
O Dr. Macchiarini pretende usar a mesma técnica em três outros pacientes, dois dos EUA e em uma criança de 9 meses de idade, da Coreia do Norte, que nasceu com malformação11 na traqueia1.
Fonte: Wall Street Journal