NEJM: uso de transfusões de sangue regulares na prevenção de infartos cerebrais em crianças com anemia falciforme
Um estudo randomizado1, publicado pelo The New England Journal of Medicine (NEJM), sobre os efeitos da terapia de transfusão2 versus terapia padrão mostrou uma redução em infartos cerebrais em crianças com anemia falciforme3, cujos níveis de hemoglobina4 S foram mantidos abaixo de 30%. Os riscos de transfusão2 parecem ser compensados pelos benefícios neurológicos obtidos.
Infartos cerebrais silenciosos são a lesão5 neurológica mais comum em crianças com anemia falciforme3 e estão associados à recorrência6 de um infarto7 (acidente vascular cerebral8 ou infarto7 cerebral silencioso). Pesquisadores do Vanderbilt–Meharry Center of Excellence in Sickle Cell Disease testaram a hipótese de que a incidência9 da recorrência6 de um infarto7 seria menor entre as crianças que se submetiam à terapia de transfusão2 regular do que entre aquelas que receberam o tratamento padrão.
Neste ensaio clínico randomizado10, duplo-cego, crianças com anemia falciforme3 foram aleatoriamente designadas a receber transfusões de sangue11 regulares (grupo de transfusão2) ou o tratamento padrão (grupo de observação). Os participantes tinham entre 5 e 15 anos de idade, sem histórico de acidente vascular cerebral8 e com um ou mais infartos cerebrais silenciosos na ressonância magnética12 e um exame neurológico não mostrando anormalidades correspondentes a essas lesões13. O desfecho primário foi a recorrência6 de um infarto7, definido como um acidente vascular cerebral8 ou um infarto7 cerebral silencioso novo ou ampliado.
Um total de 196 crianças (idade média de 10 anos) foi aleatoriamente designado ao grupo de observação ou transfusão2 e foi acompanhado por uma média de três anos. No grupo de transfusão2, seis de 99 crianças (6%) tiveram um evento do desfecho (uma teve um derrame14 e cinco tiveram infartos cerebrais silenciosos novos ou ampliados). No grupo de observação, catorze de 97 crianças (14%) tiveram um evento do desfecho (sete tiveram derrames e sete tiveram infartos cerebrais silenciosos novos ou ampliados). A incidência9 do desfecho primário nos grupos de transfusão2 e de observação foi de 2,0 e 4,8 eventos, respectivamente, por cem anos em situação de risco, correspondendo a uma taxa de incidência9 de 0,41 (intervalo de confiança de 95%, 0,12-0,99, p=0,04).
As conclusões deste estudo mostram que a terapia de transfusão2 regular reduziu significativamente a incidência9 de recorrência6 de infarto7 cerebral em crianças com anemia falciforme3.